(a propósito da estreia, hoje, do novo filme do gajo, O Sonho de Cassandra - andamos muito "gregos", não andamos?)
Durante largos anos (demasiados anos, reconheço-o agora), assumi-me despudoradamente como um anti-woodyalleniano. Só havia assistido a quatro filmes da sua autoria, e, destes, apenas um me agradara incondicionalmente: o cómico Inimigo Público nº 1. Dos restantes três, dois achei assim-assim (Nevoeiro e O Homem que Veio do Ano 2000) e o outro é, na minha opinião, um dos filmes mais chatos, pirosos, sobrevalorizados e irritantes da História do Cinema (A Rosa Púrpura do Cairo). Portanto, o rácio de 1 em 4 apresentava-se-me como deveras desfavorável e, assim, sempre que ouvia alguém falar do Woody Allen, eu – qual anti-semita – torcia logo o nariz.
Duas pessoas, porém, procuraram convencer-me a mudar este pensamento e dar outra hipótese ao judeuzinho. Uma delas foi o António Franco Alexandre, reputadíssimo poeta da nossa praça e meu ex-professor, que, em conversa de café, me disse algo como “Você não gosta do Woody Allen?! Que parvo! Veja o Annie Hall, veja o Manhattan. E depressa, senão chumbo-o!” Eu, como é óbvio, não liguei patavina ao conselho, até porque não tenho por hábito – felizmente – seguir indicações dadas por escritores (era só o que faltava!!!!). No entanto, a referência àquelas duas películas lá acabou por ficar arrumada algures na minha cabeça, e pensei um dia, assim que me apetecesse, vê-las. Ora, e é aqui que entra a segunda pessoa responsável pela minha conversão ao autor-realizador-músico-de-jaz-pai-adoptivo-e-amante-da-Soon-Yi: a minha ex-namorada. Fã do senhor, não perdia a oportunidade de me “alfinetar” com alguma frequência. Dizia-me ela: “Olha que devias ver este e este filmes do Allen. São giros, tu irias gostar!” Mas a minha mente, admito, por vezes é demasiado preconceituosa e de ideias fixas, por isso continuava a fazer ouvidos moucos. Um dia, porém, resolvi pedir-lhe emprestados os três livros do Woody Allen traduzidos e publicados em Portugal (na altura, pela Bertrand, hoje em dia já há uma edição da Gradiva), a saber: Sem Penas, Para Acabar de Vez Com a Cultura e Efeitos Secundários. Li-os todos, e não é que gostei?! E MUITO?!? O rácio começava a alterar-se… já via o judeuzeco malandro com outros olhos! E, finalmente, lá chegou a altura de assistir ao tão afamado Annie Hall, e a partir do momento em que a cassete VHS (sim, já lá vão uns aninhos…) começou a passar os créditos finais, transformei-me automaticamente num fã! Dessa data para cá, posso garantir que todos os filmes que vi dele me agradaram sobejamente, e de quando em vez adquiro um em DVD (é, já tenho uns quantos, eheheh!).
Moral da história: sim, por vezes justifica-se dar novas oportunidades. Sim, por vezes a casmurrice não tem razão de ser, mesmo quando provém de um indivíduo praticamente perfeito, como eu. E sim, por vezes vale a pena esquecer a opinião (mal) formada e abri-la a sugestões alheias.
Durante largos anos (demasiados anos, reconheço-o agora), assumi-me despudoradamente como um anti-woodyalleniano. Só havia assistido a quatro filmes da sua autoria, e, destes, apenas um me agradara incondicionalmente: o cómico Inimigo Público nº 1. Dos restantes três, dois achei assim-assim (Nevoeiro e O Homem que Veio do Ano 2000) e o outro é, na minha opinião, um dos filmes mais chatos, pirosos, sobrevalorizados e irritantes da História do Cinema (A Rosa Púrpura do Cairo). Portanto, o rácio de 1 em 4 apresentava-se-me como deveras desfavorável e, assim, sempre que ouvia alguém falar do Woody Allen, eu – qual anti-semita – torcia logo o nariz.
Duas pessoas, porém, procuraram convencer-me a mudar este pensamento e dar outra hipótese ao judeuzinho. Uma delas foi o António Franco Alexandre, reputadíssimo poeta da nossa praça e meu ex-professor, que, em conversa de café, me disse algo como “Você não gosta do Woody Allen?! Que parvo! Veja o Annie Hall, veja o Manhattan. E depressa, senão chumbo-o!” Eu, como é óbvio, não liguei patavina ao conselho, até porque não tenho por hábito – felizmente – seguir indicações dadas por escritores (era só o que faltava!!!!). No entanto, a referência àquelas duas películas lá acabou por ficar arrumada algures na minha cabeça, e pensei um dia, assim que me apetecesse, vê-las. Ora, e é aqui que entra a segunda pessoa responsável pela minha conversão ao autor-realizador-músico-de-jaz-pai-adoptivo-e-amante-da-Soon-Yi: a minha ex-namorada. Fã do senhor, não perdia a oportunidade de me “alfinetar” com alguma frequência. Dizia-me ela: “Olha que devias ver este e este filmes do Allen. São giros, tu irias gostar!” Mas a minha mente, admito, por vezes é demasiado preconceituosa e de ideias fixas, por isso continuava a fazer ouvidos moucos. Um dia, porém, resolvi pedir-lhe emprestados os três livros do Woody Allen traduzidos e publicados em Portugal (na altura, pela Bertrand, hoje em dia já há uma edição da Gradiva), a saber: Sem Penas, Para Acabar de Vez Com a Cultura e Efeitos Secundários. Li-os todos, e não é que gostei?! E MUITO?!? O rácio começava a alterar-se… já via o judeuzeco malandro com outros olhos! E, finalmente, lá chegou a altura de assistir ao tão afamado Annie Hall, e a partir do momento em que a cassete VHS (sim, já lá vão uns aninhos…) começou a passar os créditos finais, transformei-me automaticamente num fã! Dessa data para cá, posso garantir que todos os filmes que vi dele me agradaram sobejamente, e de quando em vez adquiro um em DVD (é, já tenho uns quantos, eheheh!).
Moral da história: sim, por vezes justifica-se dar novas oportunidades. Sim, por vezes a casmurrice não tem razão de ser, mesmo quando provém de um indivíduo praticamente perfeito, como eu. E sim, por vezes vale a pena esquecer a opinião (mal) formada e abri-la a sugestões alheias.
Eterno (vou deixar cair o "Entorno")
P.S.: Curiosamente, quem não aprecia lá muito a minha paixão woodyalleniana são os meus companheiros de bola neo-nazis. Por vezes, no fim de uma ou outra partida de futebol, lá se seguem momentos de franca e sã convivência e resolvem perguntar-me:
- Então, ó Eterno, belos golos que marcaste hoje, hã? Olha, que DVDs tens comprado ultimamente?
- Ah, x e y, e mais um do Woody Allen!
- Outra vez esse judeu, porra?!?!?!?!
- Iá! Shema Israel, ó meu!
Enfim, mal dou esta resposta, é vê-los espumar pela boca, enraivecidos, enquanto grunhem coisas como “rrummf… raça inferior… rruofff… arrrfff… exterminá-los todos… arrrghhh…", mas depressa se acalmam e não pensam sequer em discriminar-me e muito menos agredir-me à biqueirada! É tudo uma questão de respeito: afinal, eles sabem perfeitamente que, sem mim, não haveria ninguém para meter bolas na baliza adversária, e além disso sou a única pessoa que lhes pode dizer, sem risco de erro, quantos pêlos possuía o bigode do Martin Heidegger quando este jantou, pela primeira vez, com altos dignitários do Partido Nacional-Socialista. Pois é, são estas as vantagens de se ser um ponta-de-lança e, simultaneamente, meta-onto-fenomenólogo…
4 comentários:
Meu, "Eterno" é um pseudónimo muito abichanado. Daqui a pouco estás a colocar um unicórnio como imagem do "profile". É que 'tou mesmo a ver.
Aos poucos, começo a sair do armário... :)
Portanto és um "eterno meta-onto-fenomenólogo "... epá, não te invejo a sorte!!! Qto ao Woody não posso manifestar-me porque ainda não ultrapassei essa barreira de decidir "conhecê-lo" melhor!!!
Pois devias fazê-lo. Não cometas o mesmo erro que eu!
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