Bom, mas adiante. Aquela série decorre nos subúrbios de uma pacata cidadezinha, com os seus moradores classe média-alta e em que as ditas “donas de casa” são todas umas jeitosas do caraças. Porém, nem tudo são rosas: volta e meia, há intrigas, conflitos, discussões e problemas afins, mas tudo isto é executado com um certo à-vontade e, apetece-me dizer, classe. Ou seja, algo completamente irreal: na vida a sério, as coisas não são bem assim, e eu próprio pude comprová-lo há uns dias atrás, quando me decidi por um passeio, à tarde, pelo Bairro Alto. (Sim, acreditem! Era de tarde! Eu não vou ao Bairro só para beber copos, o que pensam? Vocês é que são assim, seus ébrios!)
Que sucedeu então? Ora, na (julgo eu) rua da Barroca (ou na do Norte, não tenho bem certeza. E continuo a afirmar que estava completamente sóbrio!), assisti ao seguinte diálogo, varanda-a-varanda, entre duas donas de casa realmente desesperadas (bem, “diálogo” é apenas uma maneira de dizer…):
Dona de casa A: E ó minha badalhoca, já viste como tens essa roupa, ó porca?
Dona de casa B: E a tua, ó minha puta de merda? Já tens esses trapos no estendal há mais de uma semana!
Dona de casa A: Desavergonhada! Se te apanho lá em baixo, prego-te um par de estalos! Aldrabona!
Dona de casa B: Cala-te, aldrabona és tu! Volta para dentro e vai limpar a casa, o cheiro a mofo já chega aqui!
Dona de casa A: Quem julga a madame que é, para me mandar para dentro? A mim, nem o meu marido, quanto mais putas como tu!
Dona de casa B: Malcriada! Aldrabona!
A discussão prolongou-se, mas como continuei a andar, a certa altura fui perdendo contacto com o estertor da contenda. Contudo, penso que esta amostra já é suficientemente exemplificativa. Isto é que dava uma série à maneirex…
Eterno (em colaboração com duas senhoras do Bairro Alto)
2 comentários:
E ainda dizem que em Portugal não temos qualidade! Essas duas se fossem nomeadas para os Oscares a dificuldade era escolher qual a melhor!!!
Se uma delas ganhasse, nem sei o que a outra lhe faria...
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