Muitos argumentos se esgrimiram contra e a favor do referendo, mas o que prevaleceu foi mesmo este: é aconselhável não se realizar o referendo ao Tratado, porque a esmagadora maioria da população portuguesa ignora, desconhece e até certo ponto não se interessa pelo teor do mesmo, o que constitui um risco enorme. Por outras palavras, segundo os nossos Presidente da República e Primeiro-ministro, os portugueses são uns totós do caraças e não percebem patavina de Política, de Direito, da União Europeia e etc. (2), portanto não se pode dar a tais incompetentes qualquer hipótese de manifestação, via sufrágio, sobre algo tão importante quanto o Tratado de Lisboa.
É esta a linha de pensamento que os nossos governantes subscrevem: nós somos maus demais para que nos seja dada uma tão grande responsabilidade. Portanto, não no-la dão! Faz sentido, não faz? Porém, agora impõe-se a pergunta: isto é o que os nossos governantes pensam, mas terão eles razão? Será verdade? Procurei reflectir nisto durante cerca de um décimo de segundo, e assim estou em condições de avançar o seguinte: Sim! Sim, é verdade! Sem dúvida! Os nossos governantes têm toda a razão! Os portugueses não sabem tomar decisões políticas! Os portugueses não sabem votar em consciência! Os portugueses não conhecem, nem pela rama, os assuntos que estão em causa! Os portugueses, quando são chamados a escolher, escolhem mal!
Querem provas do que estou a falar? Querem provas de que os nossos governantes, ao menos, acertaram nesta? Então aqui vai: basta olharem para os nossos governantes! Vejam só aquilo que escolhemos! Depois de metermos tanta águma, ainda queremos ter o Tratado de Lisboa em nossas mãos? Nem pensar! Deixemos de ser parvos. Por uma vez, os nossos governantes sabem do que falam: eles sabem que não se pode confiar, politicamente falando, num povo que chegou ao ponto de os eleger. Eu cá também não confio!
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(1) Já estou a ouvir-vos dizer: "Ó Eterno Entorno, pá, então onde param esses conhecimentos de Geografia? Alguma vez Caracas fica na Europa?", e eu respondo: "Calem-se, broncos! E Lisboa, é Europa onde? Os tripeiros é que têm razão, pá!: Lisboa é Marrocos, qual Europa qual quê!".
(2) Na realidade, o que eles pensam, mas não dizem, com receio de ferir susceptibilidades, é que os portugueses só percebem de um assunto: futebol. No que toca a tudo o resto, os lusitanos são autênticos analfabetos. Mas isto é o que eles pensam. Não quer dizer que seja mesmo assim. Ou quer?...
Eterno Entorno
3 comentários:
Bom deixando de lado o sporting que já percebi que é um assunto dificil para ti :-), enquanto lia o teu "post" pensei antes de chegar ao fim da leitura, no mesmo que tu. Realmente confirma-se os portugueses são ignorantes e não estão por dentro de demasiados assuntos, no entanto se perguntares isso alguém ninguém o admite, e ai de quem disser o contrário! E agora tocando noutro assunto delicado (filosofia), nós precisavamos era do outro Sócrates, aquele que andava ai pelas ruas a fazer perguntas inconvenientes, que deixavam o pessoal á beira de um ataque de nervos e aí talvez percebessemos realmente o significado daquela frase "só sei que nada sei!", ou não!
Pelas políticas que têm vindo a ser tomadas ao nível da educação em Portugal, percebe-se bem qual é o objectivo:
Passar toda a gente na escola e impedir que se pense, que isso cansa muito a cabecinha e faz mal à saúde (assim ainda se corta nas filas de espera dos Centros de Saúde e Hospitais, por isso são só vantagens!)
E já agora, para quando testes de filosofia (por exemplo) com escolha múltipla? Hein? Isso é que era! Que isto de saber ler, interpretar e discutir um texto não é para todos!
Isto com a intenção velada de preparar os jovens para um dia (logo a partir dos 18 anos)poderem ser facilmente enganados e manipulados, o que resulta em mais votos a favor do governo.
Este país está entregue aos bichos.
E às bichas.
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