quinta-feira, abril 24, 2008

Abram alas para as Brigadas Revolucionárias!

Amanhã, caso não saibam ou não queiram saber, é 25 de Abril. Neste dia, ouviremos a costumeira conversa de chacha (ainda se fosse da pachacha...): nãoseioquê, os capitães de Abril abriram as portas ao Portugal democrático, nãoseiquemais, temos de respeitar a herança da revolução, rebéubéubéupardaisaoninho, e não podemos esquecer a História nem os homens que a fizeram, blábláblá, tretas, tretas e mais tretas. É claro que não estarei a ligar a esses discursos porque já planeei ficar o dia encerrado na casa-de-banho para estudar, com detalhe, o último catálogo La Redoute, mas prometo ficar a aguardar, com alguma expectativa, os soundbytes do dia, que passarão, como é normal, nos Jornais da Noite.

E porquê? Primeiro, porque é giro, segundo, porque me apetece, terceiro, porque depois de um dia inteiro de dedicação técnico-táctica à lingerie da La Redoute, um gajo tem de se distrair com coisas menores e quarto, porque tais soundbytes são a única coisa verdadeiramente interessante de um 25 de Abril, pois - pelo menos, a fazer fé naquilo que tem ocorrido nos últimos anos - é neles que se revela o crescente descontentamento do pessoal em relação à situação do país, bem como a vontade de promover nova revolução que retire os pelintras do costume lá do poleiro.

É aqui que eu entro! Sou um passionato das insurreições, dos coup-d'etat populares e, além disso, sou um presunçoso do caraças por espetar aqui termos estrangeiros ("soundbyte", "passionato", "coup-d'etat"... fónix!!!!). E é enquanto apreciador de uma bela revoluçãozinha que fico contente por a malta andar cada vez mais enconada no 25 de Abril, pois a insatisfação é o primeiro passo para a revolução (gostaram do dito?! Até rima e tudo...) e, quanto maior for a insatisfação, mais próxima está a revolução, e se esta está por vir, tem de funcionar melhor que a outra, em que um bando de militares com chaimites cercou o Largo do Carmo exigindo a demissão do presidente do Conselho, Marcello Caetano, caso contrário os mesmos militares passariam o tempo a interpretar músicas do Zeca Afonso. Não é isto que eu quero para a revolução que se avizinha; esta necessita de maior ousadia. Nada de exilar o responsável pelo governo, não! É atar-lhe uma corda e metê-lo, todo nu, ali ao Terreiro do Paço para a animação de domingo. É obrigar os deputados do governo e da oposição a ler, non-stop, a biografia do Tony Carreira! É nacionalizar todas as empresas e também todas as gajas boas que aparecem nas novelas da TVI! É considerar o Pinto da Costa e a Carolina Salgado como inimigos públicos, enfiá-los numa choldra qualquer e deitar a chave fora! É proibir, a bem da nação, todos os discos dos Pólo Norte e se possível mandá-los mesmo para o pólo norte (discos e banda, entenda-se!)! É retirar os telemóveis aos alunos e os paus de giz aos professores, assim aqueles não chateiam estes e estes não chateiam aqueles! É, em suma, fazer uma revolução que dignifique o país e as pessoas que nele vivem, e que daqui a 34 anos não haja motivos de queixa.

Estão comigo, camaradas? Espero que sim. Bom 25 de Abril.


Tanis


P.S.: Isto anda bonito... poucas semanas depois de Alberto João Jardim ter mandado o celebérrimo comentário dos espíritos que se auto-masturbam, agora foi a vez de um deputado do PSD-Madeira ter afirmado, num blogue qualquer, que Santana Lopes entalou Alberto João. Acho curiosa toda esta nova semântica do PSD. Não admira que o partido esteja todo fodido...

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