Estava eu muito contente a descascar uma cebola em cima da bancada da cozinha quando começo a sentir duas mãos pousando no meu rabo. Essas duas mãos, como se estivessem a fazer turismo, percorreram o meu traseiro para cima e para baixo, apalparam, mexeram e remexeram. No fim de tal sessão, ouvi, vindo lá bem de baixo, numa voz que mais se assemelhava a um sussurro (é que a minha gaja é mesmo pequenina...), estas palavras "estás a ficar com um rabo mesmo jeitoso".
Afirmações assim, espantosas, ouvi-as poucas vezes na minha vida. E lançou desde logo a dúvida: estarei mesmo a ficar com um rabo jeitoso? Perguntei-lhe (à gaja, não ao rabo, entenda-se), e a resposta foi mais uma viagem das suas mãos à minha zona rabal. O que, aqui para nós, não constitui qualquer resposta!
Foi então que comecei a pensar em dissipar as dúvidas. Se há alguém que percebe de rabos jeitosos, sou eu! Sou desde há várias décadas um apreciador da anatomia feminina, e se aqui tenho a destacar as mamas, o pedaço corpóreo mais perfeito alguma vez produzido na natureza, a verdade é que nunca deixei de parte um belo befe. Um bom rabo é também algo que muito me agrada, e poderia ficar aqui o dia todo a citar belos exemplos de belos rabos: a minha gaja, a Shakira, a Beyonce, a Cláudia Vieira, a Teresa da reprografia, a Cindy Crawford de há 20 anos, a Alexandra Lencastre há 50..., enfim, é por aí.
Tentei então perceber o que se passava com o meu rabo. Despi as calças e os boxers e procurei olhar para o rabo. O problema é que, como qualquer pessoa bem sabe, nós temos os olhos na parte da frente do corpo e o rabo na parte de trás, o que é um mecanismo espectacular quando se trata de ver os rabos das outras pessoas mas revela-se muito limitado quando o objectivo é observarmos o nosso próprio rabiosque. Assim, andei uns bons 30 segundos a forçar o pescoço para conseguir olhar o traseiro. Mais parecia um canídeo atrás da própria cauda e arrisquei-me até a torcer o pescoço, estilo Linda Blair no Exorcista...
Desisti e passei a outra táctica. Se não conseguia olhar directamente para o meu próprio rabo sem ir parar ao hospital, o melhor seria utilizar um jogo de espelhos. Dirigi-me à casa de banho, peguei num espelho pequeno e pus-me entre este e o espelho maior que está pregado à parede. Porém, quando estava a tentar ajeitar a minha posição e a dos espelhos, de modo a conseguir vislumbrar o meu rabo em toda a sua majestade, a gaja arremeteu pela casa de banho adentro e começou a perguntar, aos berros, o que é que eu estava a fazer ali, nu da cintura para baixo, entre dois espelhos, como se isto fosse uma coisa extraordinária e singular. Como lhe respondi estar a tentar olhar para o meu próprio rabo, ela levou a palma da mão à testa e paf, com um sonoro estalo procurou fazer entender que sim, afinal o que eu estava a fazer era apenas uma coisa estúpida. Lá saiu da divisão e voltou para as suas coisas de gaja, tipo olhar para catálogos de sapatos e afins, abandonando-me na minha missão de perceber o meu rabo.
Finalmente encontrei a posição ideal e pus-me a ver. Aquele rabo, ali revelado no pequeno espelho diante de mim, parecia-me não valer um cu. Nada se assemelhava aos rabos jeitosos das gajas boas (ver alguns exemplos acima). Pêlos dominavam a paisagem do nalguedo. Comecei a achar que a gaja, afinal, havia mentido quando avaliara a jeitosidade do meu rabo, algo que não é muito normal nela, excepto quando afirma que o Benfica é muita bom e joga muita bem e é o maior clube do mundo.
Optei então por procurar segundas opiniões. Mas a quem eu poderia perguntar se o meu rabo estava a ficar jeitoso?! Pus-me a fazer uma lista.
Em primeiro lugar, coloquei as gajas minhas amigas. Esperava que elas pudessem opinar, com sinceridade, acerca do meu rabo. Contudo, isto traria dois riscos, um enorme e outro descomunal como um tsunami que rebentasse com o sudoeste asiático. Se eu chegasse junto de uma gaja minha amiga, baixasse as calças, mostrasse o rabo e perguntasse "Ouve lá, achas que o meu rabo é jeitoso?", provavelmente ocorreriam duas coisas. Uma - o risco enorme - era que essa gaja deixasse automaticamente de ser minha amiga. Outra - o risco descomunal-à-tsunami -, era que essa gaja fosse contar à minha gaja que eu tinha estado junto daquela gaja para lhe mostrar o rabo. Se isto acontecesse, era certo e certinho que, chegado a casa, teria como recepção uma vassoura pelo meu rabo acima. Abandonei então esta possibilidade.
Escrevi na lista a hipótese seguinte: gajos heterossexuais meus amigos. Mas torci logo o nariz a isto. Afinal, se eu revelasse o meu rabo a qualquer um dos meus amigos, temo que eles deixassem de me considerar bom da cabeça (é, tenho andado a enganá-los estes anos todos...) e, pior ainda, que deixassem de me considerar heterossexual, pois qual é o heterossexual que anda por aí a mostrar o seu rabo aos amigos e a perguntar-lhes se acham esse rabo jeitoso?! Isso, naturalmente, produziria danos tremendos à minha imagem, já para não falar nos danos que poderiam ser produzidos no meu rabo caso fosse corrido ao pontapé no momento em que eu arriasse as calças.
Só uma possibilidade, esgotadas aquelas duas, me parecia então viável. Pedir a opinião aos meus amigos homossexuais. Parecia a solução perfeita: estão habituados a olhar para rabos de gajos, não me escorraçariam caso lhes mostrasse o meu e dificilmente correriam a contar essa história à minha gaja. Sim, era mesmo a solução perfeita... não fosse por um pequeno pormenor! É que também aqui se verificavam riscos, e riscos daqueles bem chatos. Raciocinem comigo: eu chegava junto de um ou mais amigos gays, pedia-lhes que avaliassem o meu rabo, eles como é óbvio assentiriam, eu baixava as calças, tirava os boxers e pimba, o meu rabo surgiria no campo de visão daquela gente. Eis o que poderia acontecer:
1 - O meu rabo ser mal avaliado. Calculem agora o que isto significava para a minha auto-estima. Depois de ter escutado, da gaja, que o meu rabo era jeitoso, imaginem como eu ficaria caso o Paulinho, ou o J.P., ou o Tó Zé, ou os três juntos, me dissessem, como se fossem um Tim Gunn da rabetice (oh, que ironia...): "Hmmm, pois, Peter of Pan, sabes... hmmm, esse rabo e tal... pois... não sei se já alguma vez viste o rabo do Clooney, ah, o rabo do Clooney... ou o do Brad Pitt no Tróia... ah, o rabo do Brad Pitt... ou mesmo o rabo do Carlitos de Campolide... ah, o rabo do Carlitos de Campolide... esses é que são uns belos rabos. O teu, bem... Peter of Pan, como hei-de dizer-te isto sem ferir os teus sentimentos? Olha, o teu rabo é uma merda! É horrível. Isso nem devia ser chamado de rabo. É tão, mas tão feio que parece o Orçamento de Estado". Isto era uma coisa capaz de dar cabo de mim, o meu rabo não ser capaz de satisfazer os padrões dos gays...
2 - O meu rabo ser bem avaliado. Aqui, a coisa seria muito simples: o que me aconteceria se, ao mostrar o meu rabo a um ou mais amigos gays, a opinião fosse consensualmente positiva?! Já imaginaram o que poderia, na sequência, acontecer ao meu rabo?! Que homem heterossexual mas interessado em saber o grau de beleza da sua própria - e inviolável - bundinha está disposto a colocar-se numa situação dessas?! Que homem arrisca a vida do seu próprio rabo só para saber se esse mesmo rabo é bom? Parece que já estou novamente a ver o Paulinho, ou o J.P., ou o ToZé, ou os três, a avaliar o meu rabo: "Hmmm, Peter of Pan, esse teu rabo parece-me mesmo bom. Mas para poder ter a certeza, tenho de lhe mexer. Uiiiii, que belo rabinho, nem o Carlitos de Campolide tem um rabo assim tão jeitoso, mesmo bom. Preciso só de ver mais um pormenor, mas para isso vou ter de baixar também as minhas calças!". Estão a captar a cena, não estão?!?!
Achei então que não valia a pena e abandonei a minha demanda. Mas só momentaneamente, pois a questão de saber se o meu rabo é ou não jeitoso atormenta-me, não me tendo mesmo deixado dormir bem esta noite (passei-a a coçar o cu!). Pensei na questão durante o duche. Pensei mais ainda durante o pequeno-almoço. E continuei a pensar enquanto me dirigia para o trabalho. E foi aqui, entre duas olhadela às mamas da gaja que se sentou à minha frente no comboio, que surgiu uma nova possibilidade: tirar uma fotografia ao meu próprio rabo e postá-la aqui mesmo, neste blogue. E vocês, leitores, avaliariam a estética do meu traseiro. Que acham? Acham bem, acham mal? Votem aqui para eu ter uma percepção da coisa e saber se posto o meu rabo cá no estaminé!
Fico então à vossa espera...