terça-feira, setembro 20, 2005

Carta de Heidegger a Hannah Arendt

Este fim-de-semana, desloquei-me à Alemanha para assistir, in loco, ao evoluir da situação política. Aproveitei também para visitar alguns alfarrabistas em Berlim. Num deles, encontrei algo que me deixou deveras surpreendido: um conjunto - encadernado - de epístolas eróticas pertencentes a Martin Heidegger. Comprei-o logo, é claro. Pensei que seria, de longe, a melhor produção do filósofo colaboracionista nazi, mas se calhar enganei-me. Deixo aqui a tradução de uma dessas missivas.

"Querida Hannah:

Anseio por te ver novamente, num sentido a-fenomenológico. Sinto a tua falta na minha clareira ek-sistencial. A minha mulher é chata, idiota e deixa-me o ser doente. Além disso, não percebe patavina daquilo que escrevo. Porque será? Também não compreende que a verdade (no sentido platónico de aletheia) de uma re-lação reside na in-sistência que busca o des-velamento.
Oh, Hannah... Só tu provocas no meu ser-aí a ab-soluta ek-citação. Deixa-me ir à tua casa do ser. Tira-me deste vazio utilitário e devolve-me uma ek-sistência individual concreta. Vamos estudar juntos o ser-para-a-pequena-morte.

Do sempre teu (ou, pelo menos, enquanto o ser me animar o ente)
Martin Heidegger

P.S.: Já agora, achas que existe a possibilidade de experimentarmos aquilo a que a escola existencialista francesa apelida de ménage a trois? E aquilo a que os humanistas florentinos chamavam fellatio? Pensa lá nisso, Hannah..."


Eterno Entorno

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