quinta-feira, setembro 15, 2005

Manuel Alegre: o político, o poeta, o hermético!

Ontem, Manuel Alegre proferiu a maior pérola da política portuguesa desde que Maria José Nogueira Pinto formulou a célebre "Eu sei que você sabe que eu sei que você sabe".(1) O poeta que é editado pelas Publicações Dom Quixote invocou um aforismo digno da pitonisa do Oráculo de Delfos: "Nunca disse que era candidato nem nunca disse que não o era". Ora, aqui está uma afirmação que coloca Manuel Alegre em posição privilegiada para receber o prémio Português Mais Ridículo de 2005 - e olhem que a concorrência não é, de modo algum, pequena! Ademais, como neste país as patetices se propagam mais rapidamente do que a velocidade da luz após tomar esteróides anabolizantes, não me espanta nada se a "retórica alegrista" começar a fazer escola. Preparem-se, nos próximos tempos, para as seguintes declarações surpreendentes:

Ricardo: "Nunca disse que era guarda-redes nem nunca disse que não o era".
Carlos Silvino: "Nunca disse que levei menores para a casa de Elvas nem nunca disse que não os levei".
Tipos (mucho machos) do Esquadrão G.: "Nunca dissemos que éramos gays nem nunca dissemos que não o éramos".
Elsa Raposo: "Nunca disse que sim nem nunca disse que não".
Isaltino Morais: "Nunca disse que tinha sobrinhos nem nunca disse que não os tinha".
Tomás Taveira: "Nunca disse que comi alunas minhas nem nunca disse que não as comi".
Alberto João Jardim: "Nunca disse que gostava de chineses, cubanos, monhés, africanos, brasileiros, kosovares, jamaicanos, etc. nem nunca disse que não gostava de chineses, cubanos, monhés, africanos, brasileiros, kosovares, jamaicanos, etc".
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(1) Ao que António Lobo Xavier, se bem se recordam, respondeu laconicamente "Não percebi!". Tivesse a coragem de repetir a frase no programa Os Quadrados do Circo (trademark by Eterno Entorno e A. L.), e este seria bem mais interessante.

Eterno Entorno

2 comentários:

radioapilhas disse...

A disjunção deve ser o operador lógico preferido dos portugueses. Talvez o José Gil devesse incluir isso no seu próximo livro "Portugal, a lógica da existência".

Anónimo disse...

Querias dizer da "não-existência", não é verdade? Ou nem querias? :)