Kant dizia, no final da sua Crítica da Razão Prática: "duas coisas enchem-me o espírito de maravilha e admiração: o céu estrelado acima de mim, e a lei moral dentro de mim". É-lhe ainda atribuída a afirmação, redigida num guardanapo ao pequeno-almoço, de que o André Martins há-de dar um grande jogador e também aqui o filósofo de Konigsberg tinha razão. Voltemos no entanto à primeira frase.... não sou propriamente de me emocionar com a lei moral dentro de mim, até porque não gosto de ter nada cá dentro, excepto gelados, batatas fritas e álcool, mas no que ao céu estrelado diz respeito, percebo perfeitamente o bacano. Há algo de acolhedor e reconfortante em olhar para um céu repleto de estrelas. Eu, desde muito novo, ainda antes de descobrir o poder também acolhedor e reconfortante dos seios femininos, que gosto de olhar lá para o alto.
Ontem matei saudades deste sentimento. Mulher e filho deitados, vim para a rua e pus-me a levantar o pescoço lá para cima. O céu, limpo, dava-me uma visão das múltiplas estrelas que podem ser observadas no hemisfério norte. E, como sempre me acontece, é nestas alturas de abismação perante o infinito desconhecido que retornam as grandes questões. Estaremos sozinhos no Universo? Haverá gajas com três mamas numa galáxia lá longe? Na hipótese remota de haver humanóides noutro sistema solar, eles jogarão à bola? O Sporting podia ter oportunidade de ganhar qualquer coisinha lá? Se a tecnologia evoluir, podemos mandar abrir versões da academia de Alcochete por essa Via Láctea fora? E a Lei Bosman permite a contratação de alienígenas para o plantel principal? Por que é que as apresentadoras da TVI têm todas uma voz irritante? E que tem isto a ver com a descoberta do bosão de Higgs? Foram estas e outras interrogações que me inquietaram o espírito naquela altura, interrogações que, provavelmente, ficarão sem resposta até ao final da minha existência. Mas não faz mal, pois o importante da vida não é obter respostas: é fazer perguntas. E nada como um céu estrelado para nos estimular.
Acabei por ir deitar-me cheio de picadas de mosquitos...
1 comentário:
Eu fotografei o momento em que estavas com a cabeça na lua!
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