Entusiasmado pela leitura recente do livro O Delfim, do José Cardoso Pires, fui ver o dvd da adaptação cinematográfica levada a cabo pelo Fernando Lopes, com argumento de Vasco Pulido Valente, que deve ter ficado irritado por não o terem deixado transpor a acção para o século XIX. Para filme português, nem está mau e, mesmo que estivesse mau, uma grande vantagem de qualquer filme português é, à partida, nunca poder contar com o Adam Sandler ou o Vim Diesel. O Delfim não conta e, em boa verdade, a trupe de actores é um dos grandes trunfos da película, com destaque para a dupla Rogério Samora, no papel de Tomás Palma Bravo, o delfim, e absolutamente convincente, o que não era difícil, pois Rogério Samora só precisava de ser ele próprio, um canastrão, e Alexandra Lencastre, a boazona, no papel da esposa benzoca de Palma Bravo.
Gostei também particularmente da realização, com algumas cenas de bom gosto, mas onde o filme falha mais é no argumento. Não é que o Pulido Valente tenha feito um mau trabalho, não é isso, mas parece-me que foi demasiado preguiçoso. Primeiro que tudo, não confere autonomia suficiente ao enredo do filme, quero com isto dizer que quem não leu o livro antes de ver o filme terá mais dificuldades em seguir a história, e tal não deveria acontecer. Depois, irritou-me a forma como não se aproveitou aquilo que o filme poderia ter de melhor, mais eficaz e mais atraente: então não é que, tendo ali à mão de semear o corpanzil da Alexandra Lencastre quando ainda era podre de boa (a película data de 2001), e tendo em conta que José Cardoso Pires narra, no livro, uma cena altamente tórrida de masturbação feminina, o filme se limita a mostrar as pernas e - crime lesa-cinematográfico capaz de provocar um ataque cardíaco aos irmãos Lumiére - em vez das duas, desvela só uma teta alexandrina?!?! E muito timidamente?! Como é que isto pode ser, caramba?!?! Depois queixam-se que o público anda divorciado dos filmes portugueses... se fosse em Espanha, França ou num, vá lá, filme pornográfico escandinavo, teríamos a Alexandra Lencastre toda descascada, revelando tudo ao espectador (um aparte: com o novo acordo ortográfico é "espetador", não é?!? Faz sentido...), e até quem sabe, com um bocadinho mais de liberdade artística, que é o traço do bom cinema, alinhado com o risco, teríamos godemeches, azeite a escorrer pelo corpo da actriz, banhos de espuma, cavalos, elefantes e até um rinoceronte a fazer-lhe companhia! Isto é que era, mas não: Fernando Lopes e Vasco Pulido Valente armaram-se em púdicos e ficámos com uma cena erótica que parece ter sido filmada pelas irmãs Carmelitas!
O que é uma pena. Da próxima vez que alguém quiser adaptar uma obra de literatura portuguesa ao cinema, chamem-me para dar consultoria, 'tá?! Aposto que até consigo enfiar uma cena de sexo escaldante numa eventual adaptação do Sermão de Santo António aos Peixes...
Gostei também particularmente da realização, com algumas cenas de bom gosto, mas onde o filme falha mais é no argumento. Não é que o Pulido Valente tenha feito um mau trabalho, não é isso, mas parece-me que foi demasiado preguiçoso. Primeiro que tudo, não confere autonomia suficiente ao enredo do filme, quero com isto dizer que quem não leu o livro antes de ver o filme terá mais dificuldades em seguir a história, e tal não deveria acontecer. Depois, irritou-me a forma como não se aproveitou aquilo que o filme poderia ter de melhor, mais eficaz e mais atraente: então não é que, tendo ali à mão de semear o corpanzil da Alexandra Lencastre quando ainda era podre de boa (a película data de 2001), e tendo em conta que José Cardoso Pires narra, no livro, uma cena altamente tórrida de masturbação feminina, o filme se limita a mostrar as pernas e - crime lesa-cinematográfico capaz de provocar um ataque cardíaco aos irmãos Lumiére - em vez das duas, desvela só uma teta alexandrina?!?! E muito timidamente?! Como é que isto pode ser, caramba?!?! Depois queixam-se que o público anda divorciado dos filmes portugueses... se fosse em Espanha, França ou num, vá lá, filme pornográfico escandinavo, teríamos a Alexandra Lencastre toda descascada, revelando tudo ao espectador (um aparte: com o novo acordo ortográfico é "espetador", não é?!? Faz sentido...), e até quem sabe, com um bocadinho mais de liberdade artística, que é o traço do bom cinema, alinhado com o risco, teríamos godemeches, azeite a escorrer pelo corpo da actriz, banhos de espuma, cavalos, elefantes e até um rinoceronte a fazer-lhe companhia! Isto é que era, mas não: Fernando Lopes e Vasco Pulido Valente armaram-se em púdicos e ficámos com uma cena erótica que parece ter sido filmada pelas irmãs Carmelitas!
O que é uma pena. Da próxima vez que alguém quiser adaptar uma obra de literatura portuguesa ao cinema, chamem-me para dar consultoria, 'tá?! Aposto que até consigo enfiar uma cena de sexo escaldante numa eventual adaptação do Sermão de Santo António aos Peixes...
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