Ao analisar com o cuidado devido o Orçamento de Estado para 2006, verifiquei mais uma vez não estar contemplado qualquer artigo referente aos danos económicos provocados pela filosofia portuguesa nos jovens estudantes universitários. Aprouve-me registar que o Governo vai ressarcir os cidadãos que investem em equipamento informático, mas porque não sucede o mesmo aos indivíduos que, a custo, têm de adquirir dezenas de livros escritos por obscuros pensadores lusitanos? Porquê? Eu próprio sei do que falo, obrigado que fui, durante a minha licenciatura, a comprar obras de Pinharanda Gomes, Fernando Gil ou José-Barata Moura. Vão porventura as Finanças mitigar este meu investimento louco, bacoco e oco? Não! Mas deveriam, caro Ministro.
Sugiro, pois, um Orçamento Rectificativo onde esteja consignada uma alínea que trate deste problema, responsável pelo mal-estar de centenas de estudantes portugueses. Já que somos obrigados - pela entidade Estado, através das suas Universidades públicas - a ler essas porcarias, é de bom tom que o Governo, ao fim de um certo tempo, nos recompense por isso. Experimente Vossa Excelência pegar num livro do Orlando Vitorino e perceberá aquilo que estou a dizer.
Outra sugestão interessante que deixo à sua consideração: indexar os rendimentos dos filósofos portugueses ao novo escalão de 42% no IRS. Primeiro, porque sim; segundo, porque os filósofos são chatos, improdutivos, incompetentes e além disso contam nas suas fileiras com o inenarrável Manuel Maria Carrilho. Estou certo de que, também neste ponto, Vossa Excelência concordará comigo. É preciso castigar essa gente!
Eterno Entorno
2 comentários:
Subscrevo e amplio a recomendação bibliográfica: Couto Soares, Vaz Pinto, Renauld e outras criaturas da mesma estirpe merecem devolução de capital por horas perdidas a lê-las. E, obviamente, toda e qualquer obra e/ou comentário analíticos.
Concordo com os três primeiros nomes, discordo relativamente aos analíticos. Eu acho-lhes um piadão. É lindo vê-los à estalada uns aos outros...
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