sexta-feira, dezembro 30, 2011

Desejos para 2012

Então para 2012 desejo que:

  • As embalagens de leite que se dizem de "abertura fácil" sejam mesmo de abertura fácil.
  • Dê um grande ataque de dor de barriga ao Pedro Passos Coelho em plena sessão parlamentar.
  • A Merkel e o Sarkozy assumam finalmente a relação.
  • A TVI faça o primeiro reality show pornográfico português. Não, esperem, isso já foi feito com a Casa dos Segredos! Ok, este desejo é para riscar.
  • A Troika vá para a Coreia do Norte. Desejo boa sorte a ambas...
  • A minha pança pare de crescer descomunalmente.
  • O Vítor Pereira fique por mais tempo no Porto.
  • Dê outro grande ataque de dor de barriga ao Pedro Passos Coelho noutra sessão parlamentar.
  • Os Estados Unidos da América invadam Washington.

Bom 2012 para todos.

segunda-feira, dezembro 26, 2011

A questão da retoma

A mensagem de natal do senhor doutor cabrão primeiro-ministro teve uma ideia central: a retoma. Era retoma para aqui, retoma para ali, retoma para acolá. Os comentadores vêem nisto uma transição nas medidas governativas e esperam um renascimento económico do país. Eu não: eu vejo aqui uma continuidade. Ao falar de retoma, Pedro Passos Coelho não fez mais do que utilizar uma espécie de elipse, mas quando ele, através do televisor, olhava para mim, eu percebi bem o que é que ele queria dizer: era "re-toma nesse rabo, re-toma nesse rabo". E vocês, se o olharam bem, devem ter percebido exactamente o mesmo: vamos continuar a ser enrabados à força no próximo ano.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Tenho a estranha e desagradável sensação

de que fui a única pessoa a vir trabalhar hoje, não contando com o segurança do edifício, que esse está cá todos os dias. Das duas, uma: ou o resto da malta ficou em casa a preparar o natal, coisa em que não acredito, ou estão todos ali escondidinhos num gabinete exíguo à espera da melhor altura para me prepararem uma festa surpresa, ocasião em que serei brindado com vários presentes, entre os quais um iPad, uma PS3 com comandos capazes de interferir com o Pedro Passos Coelho, e uma residência no centro histórico de Viena, sob a justificativa de ser o colega mais espantoso, competente e bonito do mundo.

Fixe, fico à espera...

quarta-feira, dezembro 21, 2011

Falar de mamas

Quem tem andado atento às notícias dos últimos dias, sabe perfeitamente que tem andado tudo à volta disto:

a) protestos no Cairo
b) a morte de um anãozinho vermelho de olhos em bico
c) a omnipresente austeridade
d) o caso dos implantes mamários em França

É sobre este último ponto que vou debruçar-me, pois ainda hoje, quando ligava o televisor para levar um upgrade de informação, apanhei logo com a polémica das mamas: o que ia o governo português fazer para alertar as cerca de 1500-2000 mulheres que fizeram implantes na clínica francesa, se aconselhavam a remoção das mamas, enfim, coisas dessas.

Eu considero, já sabem, que falar sobre mamas é um sinal claríssimo de avanço cultural e civilizacional. Quem não fala sobre mamas, está atrasado no caminho do progresso; basta verem que os países de tradição islâmica vetam toda e qualquer discussão sobre partes da anatomia feminina que não sejam a burka. Duvido que o Al-Destak de uma nação como, sei lá, a Arábia Saudita, tivesse condições para meter um cabeçalho de primeira página como o nosso Destak meteu, que dizia qualquer coisa como isto "Portugal não muda as regras dos implantes mamários". Quanto muito, o Al-Destak saudita escreveria algo como Alrrhamalé marrabi alarrabidi medarrhali. E eu não sei o que isto quer dizer...

Mas não é sobre a polémica dos implantes mamários que eu queria propriamente falar. O meu propósito é entender o porquê de as mulheres colocarem implantes. "Ah, é para aumentarem as mamas", dirão vocês, mas isso é uma resposta estúpida. É claro que as mulheres metem implantes para ficarem com umas mamongas maiores, mas isso, em linguagem aristotélica, será a causa final, e eu quero é saber qual é a causa eficiente, isto é, qual é a razão que as mulheres invocam para desejarem um enhancement às suas mamas.

Eu já falei com várias mulheres e parece-me pacífico reduzir todas as respostas que as mulheres dão à pergunta "Ouve lá, ó minha putéfia, mas para que é que queres estourar milhares de euros em silicone para enfiares nas mamas?" a esta (vem em bold e tudo...):

Ah, eu vou fazer um implante porque os homens preocupam-se com o tamanho das mamas das mulheres, e se eu tiver umas mamas grandes, isso dá-me vantagem competitiva face a outras mulheres, seja para conquistar um homem, seja para manter o homem que eu já tenho.

É esta a motivação, portanto, para a decisão do mulherio em desatar a encher clínicas de cirurgia estética e enfiar no peito botijas de silicone. Atenção, isto não é uma crítica: eu próprio, se um dia possuir dinheiro e a saúde me ajudar, gostaria de fazer uns implantes, à maneira do que o Marylin Manson fez anos atrás. Gosto de mamas, querem o quê?!?, e gosto tanto, tanto, que queria ter umas só minhas, Pamela Anderson style. Mas deixemos este breve excurso de lado e voltemos à revelação acima: as gajas, dizem-nos, metem implantes por nossa causa. Isto é, somos nós os "culpados" pela decisão delas.

Só que isto, minha gente, e sobretudo minhas leitoras, é uma aldrabice. Pegada. Este argumento é simplesmente uma maneira de vocês, mulheres, atirarem a bola, e por "a bola" quero dizer "a mama", para o terreno do adversário. Nenhum homem é parvo o bastante para aceitar esta justificação, excepção feita aos grunhos da Casa dos Segredos, que me parecem parvos o suficiente para cair nestes contos de fadas e mais, muito mais. O que eu quero dizer é que este argumento não cola. Mulheres, não tentem culpar-nos a nós, homens, pois por mais apreciadores de mamas que sejamos (e somos, e somos. Pelo menos, eu sou, eu sou!) ninguém vos obriga a fazer uma operação às tetas. É verdade que nos preocupamos com o tamanho das mamas, assim como com a forma delas, delicadeza ao toque e um sem-número de outras qualidades, mas também nos preocupamos com muitas outras coisas e não vos vejo a fazer nada para dar resposta. Querem exemplos? Então tomem lá:

Nós, homens, além de mamas, gostamos de mulheres que não nos chateiem a cabeça quando queremos ir beber umas bejecas com os amigos. Se as mulheres se preocupassem, também aqui, com adquirir vantagem competitiva, nunca perguntariam "a que horas chegas", "aonde é que vão", "vai lá haver strip-tease" ou "o Marco, aquele que tem cinco namoradas ucranianas, vai lá estar? Não te quero ao pé dele, ouviste?". Ficariam caladas e deixar-nos-iam em paz.

Nós, homens, além de mamas, gostamos de nos sentar ao sofá com uma cerveja ao lado, uma taça de amendoins, outra de tremoços, outra de cajus, outra de pistachios, outra de passas, outra de... (bem, já perceberam a ideia), descansar os pés em cima do sofá ou de qualquer superfície que esteja a jeito e ver futebol em paz, sem levar com os habituais "queres amendoins? Vai buscá-los", "não quero nada sujo", "futebol? Mas eu quero ver a telenovela!" ou o ofensivo "és um inútil". A vantagem competitiva ditaria, mais uma vez, não só que as mulheres ficassem caladas, como fossem elas a trazer-nos a cerveja, os amendoins, os tremoços, os cajus, e por aí adiante, e ainda nos fizessem uma massagem aos pés. Não se queixariam de estar a dar bola e, como bónus, durante o intervalo ainda nos presenteavam com um strip-tease e/ou um felácio. Mas não, aqui já não se interessam em adquirir vantagem competitiva...

Nós, homens, além de mamas, gostamos de olhar para muitas mamas. Uma vantagem competitiva considerável seria, então, quando nós olhamos para mamas alheias, não ter a nossa mulher a espetar-nos um valente estaladão. Mas encontrem lá uma mulher assim... é o encontras!

Portanto, o que eu quero dizer, apenas com estes três exemplos, é que as mulheres não fazem os implantes mamários por causa de nós, homens. Se o fizessem, mais facilmente fariam outras coisas. Alegar o contrário é, pura e simplesmente, mentir, o que me leva a deixar a seguinte mensagem: Gajas, se vocês querem pôr implantes, não venham com justificações da treta. Nós não temos culpa de nada. Querem pôr mamas?! Estão por vossa conta, vocês é que sabem. Portanto, se querem mamas, ponham lá as mamas e deixem-se de tetas!...

sexta-feira, dezembro 16, 2011

Morreu o Christopher Hitchens

Mais um ateu que se vai. Começo a ficar assustado. Será que se eu deixar de acreditar na morte, ela não me apanha?!? Vou pensar nisto durante o fim de semana...












...NÁ! Vou é ver antes mamas na internet. Sempre são um assunto mais sumarento do que tanatologia.

quinta-feira, dezembro 15, 2011

E o prémio "se eu fosse um gajo muita rico, dava-vos metade da minha fortuna" vai para...

...a assistência técnica via telefone da Apple em Portugal, que conseguiu livrar-me de um cd encravado no meu leitor de cd/dvd Matshita. O facto de alguém, do outro lado da linha, conseguir explicar a um anti-nerd como eu o que fazer e que botões carregar para fazer saltar o cd é heroísmo digno de um Domingos Paciência, o treinador capaz de fazer o Polga passar por um jogador de futebol. E isto ajudou-me a perceber outra coisa: levar um computador a uma loja é coisa de meninos! Os arranjos já se podem fazer via telefone, pá!

quarta-feira, dezembro 14, 2011

A minha fama precede-me

Perto do meu local de trabalho, estão uns jovens a oferecer preservativos. Fiquei contente por, quando chegou a minha vez, uma petiza me ter brindado com uma amostra XL. Não a conhecia de lado nenhum mas, claramente, parece que as mulheres falam mesmo DE TUDO umas com as outras...

O que eu posso dizer é que fui almoçar com um sorriso nos lábios!

terça-feira, dezembro 13, 2011

Por Toutatis!!!*


Caramba!!! Venho agora do almoço e cruzei-me com o cartaz da nova campanha da Triumph. Esta exibe, em tamanho gigante, as silhuetas da Andreia Rodrigues e da Luísa Beirão (uma musa que já me acompanha desde inícios dos anos 90) em lingerie. Senti logo o impacto da imagem e posso jurar que quase ia tendo um acidente de automóvel... o que é fantástico, porque eu caminhava a pé! Enfim, as coisas improváveis que duas mulheres belas conseguem causar...

*O título deste post não é acidental. Invoquei a divindade dos irredutíveis gauleses que resistem hoje e sempre ao invasor romano porque, sei-o muito bem, quando eu chegar a casa, a minha gaja já terá lido este post, e o que sucederá, mal eu passe um pé para além da porta, é o céu cair-me em cima da cabeça. Valha-me Toutatis...

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Medidas que a Troika deveria implementar #1

Possibilidade de um trabalhador meter baixa médica quando tem sono c'mó caraças!

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Fui eleito para fazer a selecção musical na festa de natal aqui no trabalho

Eis como os meus colegas pensam que vai ser o ambiente musical:





Eis como eu gostaria que fosse o ambiente musical:



Eis como, por causa de eu pensar que as outras pessoas não gostam de heavy metal e então ter feito uma selecção que vai da pop mariconça dos anos 70 à pop panisgas dos anos 90, vai REALMENTE ser o ambiente musical:

terça-feira, dezembro 06, 2011

Cântico de Natal 2.0

A nova versão da famosa obra do Charles Dickens vai contar com o Fantasma do Subsídio do Natal Passado. É a não perder...

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Que farei com este sonho?

Esta noite, fui brindado com um sonho intrigante: encontrava-me eu muito bem disposto, debaixo de água, aparentemente sem necessidade de respirar, a cortar um queijo. E se julgam que a coisa é estranha, esperem só, pois piora. Cortava eu o queijo, uma fatia, duas fatias, três fatias e aparece junto de mim um peixe, naquele seu jeito de peixe, isto é, abanando o seu rabo de peixe e dando às suas barbatanas de peixe. O peixe, com a sua cara de peixe, olha para mim, olha para o queijo, faz um compasso de espera como só os peixes sabem fazer e limita-se a exprimir um "tss, tss", acompanhado de umas bolhinhas; de seguida, dá meia volta e vai-se embora à sua vida de peixe. Era como se o cabrão do peixe me estivesse a dizer que eu estava a cortar mal o queijo; ele, um mero peixe, que nunca deve ter visto um queijo na puta da vida, a mandar bitaites como se fosse um reformado mirone a opinar acerca de um remendo de alcatrão na estrada.

Normalmente, os psiquiatras descortinam significados nos sonhos, mas eu não consigo encontrar nenhum neste. Também não sou psiquiatra, é verdade, mas duvido até que o dr. Freud conseguisse ver algum sentido aqui. A única mensagem que um sonho deste tipo parece passar é "afasta-te das drogas, meu anormal, senão vais ter sonhos destes para o resto da tua vida", o que seria excelente CASO EU REALMENTE ME METESSE NA PASSA, o que não é de modo algum a verdade. Tirando as ocasiões em que me sento ao sofá para ver um jogo do Sporting, sou uma pessoa absolutamente lúcida e livre de qualquer tipo de substância estupefaciente. Portanto, continuo sem perceber qual foi a deste sonho. Cabrão do peixe, pá!...

sexta-feira, dezembro 02, 2011

As opiniões de Joana Amaral Dias

Num mundo ideal, além de o Sporting ser campeão a cada fim de semana, todas as opiniões sobre qualquer coisa seriam elaboradas por Joana Amaral Dias. Infelizmente, este mundo real não é ideal, e só isso explica que, em vez da Joana Amaral Dias, seres como o Marcelo Rebelo de Sousa, o Luís Freitas Lobo, o José Adelino Maltez e tantos, tantos outros, tenham direito de antena: se as coisas fossem feitas como deve ser, só à Joana seria permitido vir à televisão falar sobre política, futebol, livros e, por que não?, apresentar-nos uma receita de arroz malandrinho.

E porquê?! Porque a Joana Amaral Dias é a única comentarista que liberta os telespectadores. Quando há um programa qualquer como, por exemplo, a Quadratura do Círculo, o telespectador, caso não tenha mais nada para fazer ou queira mesmo gramar aqueles estarolas, fica inevitavelmente preso às opiniões do Pacheco Pereira, do Lobo Xavier ou do António Costa. Que, também inevitavelmente, são todas opiniões de merda. Mas com a Joana não há esse risco: diga ela o que disser, veicule ela a opinião que veicular, seja essa opinião boa ou má, nenhum telespectador presta atenção, preso que está pela figura da rapariga. É isto que é tão refrescante quando a Joana Amaral Dias aparece na televisão: podermos ver a imagem pelo puro prazer de vermos a imagem, e aposto que o Georges Didi-Huberman, um dos mais afamados pensadores da Imagem, concordaria comigo se reflectisse a sério em lugar de escrever aquelas macacadas que escreve.

A Joana é, pois, uma espécie de bálsamo que inunda, de quando em vez, os nossos canais televisivos. E se ainda há gente a pedir por um Salazar em cada esquina, o que eu pedia, para tornar este mundo um mundo melhor, para aproximar este mundo real naquele mundo ideal de que falava no início, era uma Joana Amaral Dias em cada canal de televisão. Isto é que era sensato!

quarta-feira, novembro 30, 2011

Mas querem mesmo falar de feriados?! Então vamos falar de feriados

Vai mesmo para a frente essa história de acabar com quatro feriados nacionais, sob o motivo de que é preciso aumentar a produtividade. Meus amigos, minhas amigas: a produtividade é uma coisa mais qualitativa do que quantitativa. Podem acabar com os feriados todos, podem meter as pessoas a trabalhar também aos fins de semana, não há-de ser por isso que a produtividade irá aumentar. Querem um análogo? Aumentou-se o período de escolaridade, e nem por isso o ensino melhorou. Portanto, deixem-se de merdas.

Se querem a minha opinião, e eu sei que não querem, mas eu dou à mesma, porque gosto de chatear os outros, o ideal para aumentar a produtividade seria, não acabar, mas CRIAR mais feriados. Todas as semanas deveria haver um; tenho a certeza de que a produtividade do trabalhador médio português dispararia em flecha, isto a fazer fé no exemplo de um trabalhador médio português, eu próprio, que, à conta de saber existir amanhã um feriado, está já a adiar, hoje, coisas para sexta-feira: minha gente, a produtividade que vai ter lugar aqui nesse dia vai ser uma coisa impressionante, de fazer inveja a qualquer escravo judeu construtor de pirâmides egípcias.

E mais, e mais: quem precisa de mais tempo de trabalho para fazer aquilo que pode fazer em menos tempo de trabalho, é pura e simplesmente um mau trabalhador. Reflictam nisto, governantes, sindicalistas, empresários e população portuguesa em geral.

Termino com um cliché mal adaptado e mal enjorcado ao tema dos feriados: podem tirar os feriados dos portugueses, mas não os portugueses dos feriados.

Bom feriado e até sexta.

terça-feira, novembro 29, 2011

Quiz sobre o Benfica-Sporting de sábado

1 - O Javi Garcia, basicamente, é um:

a) mentecapto
b) portador do síndroma da imunodeficiência adquirida
c) ser vivo que só com muito boa vontade se confunde com um ser humano
d) palhaço que deveria estar morto

2 - Uma boa medida profiláctica para o Artur seria:

a) partir-lhe os dois braços antes de um jogo
b) deportá-lo para uma das luas de Júpiter
c) presenteá-lo com uma tribo antropófoga
d) dizimar toda a sua família, incluindo animais de estimação

3 - Se eu visse o Jorge Jesus na rua:

a) cortava-lhe o cabelo, mas à base de tiros de kalashnikov. Se uma bala, por mero acaso, lhe acertasse na cabeça, azar!...
b) matriculava-o na escola primária, pois detesto ver pessoas que não sabem ler ou escrever
c) roubava um carro (de preferência, um camião), acelerava a toda a velocidade na estrada (de preferência, numa autoestrada) e passava-lhe por cima (de preferência, duas ou três vezes)
d) pedia-lhe que explicasse, à luz da geometria euclidiana, aquela história do "vocês os três, façam um quadrado"

4 - O Charles Manson, o Luís Filipe Vieira e o João Gabriel (director de comunicação do SLB) estão a cair de um precipício e só há tempo para salvar um. Quem?

a) para quê chatear-me?
b) Charles Manson
c) o Luís Filipe Vieira, só para ter o prazer de ser eu a empurrá-lo depois
d) o João Gabriel, só para ter o prazer de ser eu a empurrá-lo depois

5 - O incêndio no Estádio da Luz tratou-se de:

a) um espectáculo agradável
b) uma patetice. Bonito era se uma bomba rebentasse
c) um bom começo.
d) uma ofensa incompreensível aos princípios do desportivismo, da amizade e do respeito entre clubes e adeptos. Tais acções são de condenar veementemente, pois só prejudicam a imagem do futebol português. É essa a minha opinião sincera e acrescento que a Fada dos dentes está com a Sininho na minha banheira

6 - Qual seria a maneira mais correcta de Benfica e Sporting cortarem relações?:

a) o Sporting sodomizar o Benfica e deixar de lhe responder aos telefonemas
b) deixar a cabeça de um preto na cama do Javi Garcia
c) a Juve Leo roubar a estátua do Eusébio e pedir como resgate o Witzel, o Gaitán, o Artur, o Maxi Pereira e o Rodrigo
d) todas as anteriores

Resultado do quiz:
O único resultado que realmente interessa é o de sábado. Merda...

segunda-feira, novembro 28, 2011

Três lúcidos comentários sobre o Benfica-Sporting de sábado

Um: devo reconhecer a necessidade de me penitenciar. Durante anos e anos alimentei a ideia, e expressei-a com igual convicção, de que o Estádio da Luz era uma porcaria e não valia nada. A noite de sábado provou que, por puro sectarismo, eu estava enganado. Bastante enganado. Afinal, o Estádio da Luz tem qualidade: aquilo arde mesmo bem!

Dois: manifesto, no entanto, estar indignado com a falta de reacção ao incêndio que deflagrou nas bancadas. Quer dizer, não percebo: então o clube que, ainda há poucos meses, ligava a rega por tudo e por nada, quando é realmente preciso recorrer à molha, tem de chamar os bombeiros?! Então instalaram um sistema de rega só para molhar os jogadores do Porto, foi?! Isto parece-me ter apenas um nome: queimar dinheiro. E, aqui, "queimar" é o verbo certo!

Três: gostei de sentir a solidariedade de todo o mundo para com a derrota do Sporting. O Sporting perdeu e, no dia seguinte, a UNESCO classifica como património imaterial da humanidade uma música que é, literal e metaforicamente, uma tristeza. Enquanto sportinguista, não posso deixar de me sentir tocado pelo gesto.

Até amanhã.

sexta-feira, novembro 25, 2011

A minha opinião, lapidar, sobre a greve

Não sei por que é que o governo ontem se queixou de os portugueses terem feito greve, quando é o governo que anda há meses (anos? décadas? séculos?) a fazer greve aos portugueses.

Bom fim-de-semana e uma vitória para o SCP.

quarta-feira, novembro 23, 2011

Descoberto o segredo por detrás do Pedro Passos Coelho

Lembram-se do Petit, o futebolista que jogou uns anos no Boavista e mais anos no Benfica? Vocês não se lembram, mas há por aí muito bom jogador de futebol que tem o nome dele marcado, à pitonzada, nas canelas. O Petit era um jogador conhecido pela virilidade com que abordava os lances, e por virilidade quero dizer mais precisamente violência terrorista:

Petit: a varrer os adversários desde 1995!


E agora, olhem lá bem para o Pedro Passos Coelho:

Pedro Passos Coelho: a varrer os portugueses desde 2011!


Vá, olhem lá bem para as duas figuras. Eu sei que custa, mas façam lá esse esforço. Não, não estou a alegar que ambos são a mesma pessoa, deixem de ser parvos, mas digam lá se não encontram semelhanças evidentes. Uma capacidade de observação, por mais superficial que seja, notará decerto aquilo que eu notei: primeiro, o rosto estreito e alongado, quase equino, que deixa desde logo antever que os seus possuidores são pessoas muito dadas a coices; depois, a semelhança mais incrível, que é a quase absoluta inexistência do lábio superior. Vêem o lábio superior no Petit? Não! Vêem o lábio superior no Pedro Passos Coelho? Também não! Portanto, conclusão: o Pedro Passos Coelho é o Petit da política, e o Petit é o Pedro Passos Coelho do futebol. Duas pessoas, duas actividades, mas exactamente os mesmos sinais particulares e os mesmos comportamentos, que podem resumir-se nesta simples continha: cara de cavalo + ausência de lábio superior = dar porrada até criar bicho. Se o povo português tivesse descoberto esta semelhança antes das eleições, talvez se tivesse livrado do que veio a apanhar...

terça-feira, novembro 22, 2011

E eis mais um prego no caixão da imbecilidade do Homem

Atribui-se a Einstein a afirmação seguinte: "só há duas coisas infinitas: o universo e a estupidez humana, e eu não estou seguro relativamente à primeira!" Bem, é verdade que se lhe atribui muita coisa; por exemplo, também corre como sendo do tio Alberto a ideia de que Deus não joga aos dados, e isto eu posso garantir ser manifestamente falso, porque da última vez que fui a casa de Deus (ele de quando em vez convida-me, o Sacana, para vermos futebol e discutirmos tácticas); dizia eu, da última vez que fui a casa do Tipo, não só estava Ele a jogar aos dados como tinha acabado de apostar a Arca da Aliança e metade da alma do Espírito Santo. Ah, e se estão a torcer o nariz à minha personalidade e à minha coerência só porque eu, um ateu convicto, passo serões a ver futebol com o cu sentado no sofá da sala de estar de Deus, a mamar imperiais e a comer amendoins e tremoços, tenho a dizer, em minha defesa, ser verdade que sou ateu, mas é igualmente verdade que não tenho Sport TV na minha casa! E, já agora, informo-vos, seus beatos, que Deus, ao contrário do que é crença comum, não "vive lá em cima": ele reside numa aconchegadora cave alugada num prédio ali para os lados de Alfornelos.

Não há, porém, como contrariar o Einstein quanto ao infinito alcance da estupidez humana. O exemplo que vou dar a seguir é apenas mais um, entre tantos tantos tantos outros. É uma notícia actual e fresquinha que, pelo seu grau de estupidez, merece ter as bocas a abrirem-se de espanto: houve uns seres a achar que a água, afinal, não pode ser publicitada como meio de combater a desidratação. Portanto, a água, coiso e tal, afinal parece que não hidrata, juram a pés juntos uns senhores cientistas. Foi, afinal, o que sempre ouvimos narrar em histórias de pessoas que se perdiam no deserto: depois de quilómetros e quilómetros a caminhar à torreira do sol, o que eles faziam quando tinham a felicidade de encontrar um oásis era, recordo, não beber água, porque a água não hidrata, e sim ingerir carvão. Em brasa. Ainda bem que os cientistas comprovaram ser esta prática saudável, em lugar daquilo que algumas pessoas no mundo (coitadas!) julgavam, na sua ignorância a-científica: que beber água servia para, lá está, matar a sede e hidratar o organismo. Também eu andei enganado durante estes anos todos e a partir de agora, quando for fazer alguma actividade em que corra o risco de me desidratar, como andar de bicicleta, caminhar, correr, jogar futebol ou ir ver a Sport TV a casa de Deus, não é com a bela da garrafinha de água que vou andar. Porque a água não hidrata. Obrigadinho, senhores cientistas...

segunda-feira, novembro 21, 2011

Análise simbólica das histórias de princesinhas

Ontem, ao princípio da tarde, armámo-nos em ricalhaços e fomos até a FNAC para... hã, hmmm... tomar um café, e foi só a gaja, que eu não tomei nada. Encontrámo-nos com dois casais amigos e, com a desenvoltura que as crianças de hoje em dia têm, a filhota de 4 anos de um desses casais sentou-se ao meu colo, colocou um livro infantil em cima da mesa, abriu-o ao calhas e, apontando para uma das páginas, disse apenas: "lê!" Eu, que não gosto de contrariar crianças, fiz-lhe a vontade. Comecei a ler a história: narrava umas banalidades quaisquer sobre uma princesa. Acabei a história, pouco convencido. A criança, contudo, sem eu saber porquê, pareceu gostar muito. Pediu-me para contar outra. Mudei de página e li-lhe outra história: mais um conto de princesas. O padrão começava a desagradar-me muito. Mas não, para meu espanto, à criança que, embevecida, ouvia. Nova história, pediu ela. Nova história, contei eu. Para variar: isso mesmo, mais uma tretazinha sobre princesas.

Chegado aqui, tive de parar. Aconcheguei a petiza no meu colinho, olhei-a nos olhos e tentei chamá-la à realidade. "Tu estás a ver como as princesas são umas chatas, não estás?". Ela não pareceu estar a perceber. Voltei à carga: "As princesas são todas umas inúteis e umas fúteis. Ficam sempre nos seus aposentos a experimentar vestidos, colares, pulseiras, tiaras com diamantes, a sonhar com príncipes encantados, e não fazem nada de produtivo na vida. Achas isto bem?!". A criança piscou os olhinhos, como se estivesse a tentar absorver os meus ensinamentos. Acrescentei: "E mais, e mais: as princesas são más, porque vivem à custa de um sistema político-social despótico e tirânico, onde o homem é explorado pelo homem. Quem é que achas que veste as princesinhas, hã?! Elas têm montes de aias e criadas, todas mal pagas, incapazes de prosseguir uma vida digna só para satisfazer os caprichos de umas pirralhas ocas da cabeça! Isto são as histórias de princesas!"

Se eu estivesse na Rússia de 1917, este meu discurso seria aplaudido de pé e edificar-me-iam uma estátua. Mas como estamos no Portugal de 2011, a reacção que eu tive foi um poucochinho diferente. A criança ouviu e ouviu as minhas palavras mas desinteressou-se delas, pois a única réplica que tive foi: "Ah, não é nada disso, as princesas são lindas". Depois, ainda ouvi um "és mesmo parvo", mas isto já não foi dito pela criança e sim pela minha gaja... Descobri, então, que não é possível inverter séculos e séculos de propaganda aristocrática. Mesmo que nós deslindemos a verdade por detrás das histórias de princesas, é como se fôssemos o prisioneiro que se libertou da caverna platónica: os outros prisioneiros não vão acreditar em nós! Eu gastei o meu latim a explicar a malícia que se esconde no meio dos contos infantis e como resultado fui ridicularizado e obrigado a ler mais histórias daquelas.

Isto tudo merece uma reflexão atenta por parte da sociedade. Que mensagem queremos passar para as nossas crianças?! Que valores lhes queremos transmitir? Não estão os contos de fadas a inquinar, desde o início, as personalidades das gerações futuras?! Uma menina que hoje se derrete com histórias de princesinhas não será, daqui a uns anos, uma senhora que vestirá só roupa de marca e votará no CDS/PP?! É este o futuro que queremos? Temos de estar atentos a estas coisas. Os senhores que mandam têm de começar a abrir os olhos, porque para mim é um sinal muito preocupante ninguém dizer nada acerca do conteúdo das histórias infantis, mas ao mesmo tempo vir, muito indignado, o provedor do telespectador da RTP reclamar da difusão das imagens do Khadafi morto porque, segundo ele, são imagens de extrema violência, capazes de fazer passar a mensagem errada a pessoas susceptíveis e a crianças, quando na verdade a detenção e o assassínio do Khadafi passam é a mensagem certa, é como se nos estivessem a dizer, "olha, estás a ver, é isto que acontece aos governantes despóticos: um dia, são apanhados e limpam-lhes o sarampo, o poder para o povo, viva a revolução, etc." Era com este tipo de histórias que os livros infantis deveriam vir, não é cá com tretas reaccionárias acerca de princesinhas e príncipes, e reis e rainhas que exploram o proletariado que, nestas histórias, está sempre contente, é como se nos dissessem, vocês têm mais é de levar e calar, porque quem manda nisto somos nós e a fada dos dentes está do nosso lado!

Até quando vamos aguentar isto, pá?!

quarta-feira, novembro 16, 2011

São pequenas coisas como estas que demonstram não ter Portugal qualquer salvação

Chamem a troika, chamem o Chuck Norris, chamem quem quiserem: Portugal, enquanto país, enquanto nação e enquanto povo, não se safa. Ontem tive mais uma prova disso, se é que tal era preciso. Depois do jogo que opôs os produtos da formação do Sporting à selecção da Esbórnia Herzegovina, pudemos todos ter um cheirinho do verdadeiro Portugal em dois casos:

Caso 1 - Jornalista da SIC Notícias tenta chegar à fala com uma jovem que saía, feliz, do estádio. "Então, o que achou do jogo", pergunta a repórter, uma questão, aliás, digna da melhor tradição jornalística, já na época do império romano os jornalistas mais competentes eram destacados para as imediações do coliseu, tentando aí captar as opiniões dos cidadãos romanos depois de mais um combate de gladiadores. Segundo consta, um assalariado do Saturnalia Vespertinus terá mesmo uma vez abordado o próprio Augusto que, muito irritado (o seu gladiador favorito havia sido morto), mandou crucificar o jornalista. Pena que naquela altura não existia a Repórteres sem Fronteiras, senão o Augusto havia de ver: alguém escreveria um artigo de opinião nos principais jornais e pimba, ui ui, era o bom e o bonito. Voltando atrás: "então o que achou do jogo", pergunta a repórter, mas a jovem interpelada mal teve ocasião de esboçar uma resposta, pois no momento em que abriu os lábios, um jovem, aparentemente não alcoolizado nem sob o efeito de estupefacientes, saltou para cima dela numa coreografia que, no domínio heavy metal, carrega o nome de mosh, ao mesmo tempo que berrava o mais alto possível. E neste ponto, as opiniões divergem: a minha gaja, a assistir ao mesmo programa, jura a pés juntos que o rapaz, enquanto abordava a rapariga da maneira que os corsários holandeses abordavam os navios espanhóis e portugueses, gritou "Portugal, Portugal", mas eu não estou tão seguro e acho mesmo que aquilo que o rapaz disse foi "Gruarrrrr, Roarrrrrr" (se mais alguém viu isto, é favor deixar a sua opinião na caixa de comentários).

Este é, para mim, um exemplo típico da acefalia lusa. Depois ainda têm a lata de mandar vir com os esbórnios só porque estes apontaram lasers ao pai do filho do Cristiano Ronaldo. O que é pior: apontar uma luzinha a um gajo bonito, rico e bom jogador ou mandar-se para cima de uma indefesa miúda?? Mas há mais, há mais: vejam o caso seguinte.

Caso 2 - A câmara de filmar da SIC Notícias faz um movimento de 360º para apanhar as movimentações à saída do estádio. Nisto, vê-se um homem com um miúdo dos seus 3-4 anos ao colo. Quando vê que a câmara está a apanhá-lo, o homem estende o puto na direcção da câmara e, enquanto grita "EHHHHHHHH" (aqui, não há dúvidas: tanto eu como a gaja ouvimos nitidamente. Foi um "EHHHHHHHH"!), abana o puto com violência tal que o espectador desconfia se não se deu um ciclone localizado. A interpretação deste episódio pode diferir consoante a profissão de cada um: um biólogo achará, com toda a certeza, estarmos perante um caso claro de predador e presa: tal como as orcas, as focas-leopardo, os crocodilos e etc abanam as suas presas logo após a captura, também o homem abanou a criança na tentativa de lhe despedaçar a carne e, assim, tornar mais fácil o consumo da carcaça. Um sociólogo, por sua vez, julgará que tudo se deveu à alienação promovida pelas televisões. Ao ver uma câmara, o grunho homem quis exibir a sua descendência (partindo do princípio que eram pai e filho...) por todo o país, e como não possuía mamas da estirpe de certas raparigas que participam em certos reality shows em certos canais de televisão, achou que a melhor forma de chamar a atenção seria gritar "EHHHHHHHHH" e abanar o puto como um actor pornográfico abana o escroto no desempenho de uma cena. Um psicólogo, já agora, achará que aquilo deriva da relação edipiana ocorrida na infância do homem, sendo a consequência óbvia receitar-lhe Prozac. Já eu, que não sou nem biólogo, nem sociólogo, nem psicólogo, não tenho senão o bom senso para me auxiliar, e digo apenas que o homem era um estúpido.

Mais um exemplo da acefalia lusa, portanto. Num intervalo de tempo que não ultrapassou os 60 segundos, duas atitudes perfeitamente inacreditáveis de dois concidadãos. E, pelos vistos, toda a gente achou normal, porque não vi painéis de comentadores a serem criados para discutir tais factos. O Marcelo já disse alguma coisa sobre o assunto? Peva! O Sousa Tavares? Puf! O Marques Mendes? Ná! Este, mais aquele, e mais o outro? Nicles! Mas são estas pequenas merdas que (não) fazem o país...

terça-feira, novembro 15, 2011

Lúcidos comentários sobre The Walking Dead

Grupo de jovens prepara-se para a reunião semanal do círculo heideggeriano do Magoito


A melhor série de ficção dramática a ser exibida por aí é a The Walking Dead, onde sobreviventes de um apocalipse provocado pelo surgimento de zombies tenta perceber o seu lugar no novo mundo, ao mesmo tempo que se defende da ameaça morta viva. Admito que sempre gostei muito da imagética zombie: os zombies servem apenas de pretexto, em forma de carne putrefacta, para qualquer pessoa poder reflectir sobre uma situação limite como a de o planeta no qual vivemos sofrer uma mudança radical, e ser necessário colaborarmos uns com os outros para termos uma réstia de esperança de perpetuação não só nossa enquanto indivíduos mas principalmente enquanto espécie.


"O Vítor Gaspar tirou-nos os subsídios de Natal e de férias?! Como assim, pá?! Vocês agarrem-me senão como-o!"

Mas, como filmes de zombies atrás de filmes de zombies nos têm ensinado - e eu já vi muitos -, a colaboração entre seres humanos nem sempre é fácil de alcançar. Dissidências são inevitáveis, preconceitos vêm ao de cima, discussões sobre a melhor conduta possível são geradas, debates sobre se a teoria da verdade como redundância faz algum sentido levam os sobreviventes à exaustão e, quando menos esperam, têm um zombie à perna a comer-lhes o cérebro (esta última parte da frase parece não estar bem, mas está! Não me chateiem!!!). Os zombies são, no fundo, uma metáfora da realidade e não apenas da defesa do Sporting que apanhou quatro batatas da selecção angolana aqui há uns dias.

Agência Lusa: Zombie magoa-se com gravidade após tentar imitar o penteado de Justin Bieber

The Walking Dead pega no background zombie e fabrica uma série bastante agradável de seguir. As dúvidas das personagens, os choques de personalidades, a escolha utilitarista sobre que acção trará a melhor consequência ou, em alternativa, a menos má e, claro, a mais valia que é zombies a comer pessoas, isso está tudo lá, e muito bem. O espectador, esse, é levado, episódio após episódio, a identificar-se com aquilo que vê, e pela minha parte digo desde já que estou a identificar-me com os zombies. Eu sei bem o que é ser mal visto (não descortino nenhuma diferença entre "ahhh, vêm aí os mortos vivos, fujam" e, como tantas vezes ouvi, "ahhhh, vem aí o Peter of Pan, salve-se quem puder"), mal interpretado e tratado como um ser inferior, o que acontece sempre que as outras pessoas descobrem que sou sportinguista. Tenho, pois, de ter alguma simpatia por eles, simpatia essa acrescida pela circunstância de os zombies, na realidade, serem a classe mais desfavorecida desde que o Marx e o Engels desenvolveram a tese da luta de classes: os zombies não têm mais nada na vida a não ser o desejo de comer. Tudo o que fazem é para se alimentarem; bem diferente, portanto, dos indignados que se manifestam pelas ruas do mundo defendendo o direito a comprarem iPads, iPods, iPhones, iCoisos e tal.

Se nunca viram um episódio de The Walking Dead, informo que a segunda temporada já está no ar, na Fox, e hoje dá mais um episódio. Eu vou estar pregado ao ecrã, e vocês?!

segunda-feira, novembro 14, 2011

Esquissos para uma Universidade do Sporting

O derby é daqui a pouco menos de uma semana, e eu pus-me a pensar: "Pá, nós sportinguistas somos em menor número que os lampiões, temos um estádio mais pequenito, menos campeonatos ganhos, menos taças de Portugal conquistadas, menos competições europeias no currículo, então onde é que podemos dar-lhes a volta?! Na formação, pá! Na formação é que está o coiso!" O Sporting é, como todos reconhecerão, o clube mais bem sucedido na formação de talentos. A grande maioria dos craques portugueses que brilharam e ainda brilham nos relvados de todo o mundo começou por dar os primeiros ou segundos pontapés com uma camisola verde e branca. Futre. Figo. Quaresma. Simão. Cristiano Ronaldo. Moutinho. Porém, nos dias de hoje, não basta apenas formar jogadores: temos de formar também adeptos, simpatizantes, sócios; há que cultivar o Sportinguismo como se o Sportinguismo fosse um domínio científico tão importante para os seres humanos quanto a Física ou a Biologia (e, na verdade, é-o, quiçá até mais. Porque sabermos os segredos da vida e do universo é giro e tal, mas ver o Wolfswinkel a marcar de calcanhar à Lazio tem outro encanto...). Daí a minha ideia para a criação de uma Universidade do Sporting, onde alunos de todo o país e de todo o mundo poderiam aprender o que é isso de ser do Sporting. Nenhum outro clube tem disto, e eu tenho a certeza que, ao sermos pioneiros, seríamos capazes de angariar futuros apoiantes mais facilmente do que o Carrilo enfia uma cueca a um adversário.

Eis o que poderia ser uma espécie de licenciatura em Sporting:

1º ano, 1º semestre
Introdução à História do Sporting I
Ética e Política dos Viscondes de Alvalade
Semiótica dos 7 a 1 ao Benfica I
Sociologia da Academia de Alcochete I
Táctica Leonina
Estética da Juve Leo

1º ano, 2º semestre
Introdução à História do Sporting II
Ataque e Defesa Pessoais na Óptica de Ricardo Sá Pinto
Semiótica dos 7 a 1 ao Benfica II
Sociologia da Academia de Alcochete II
Política de Contratações
Metodologia dos Hinos do Sporting

2º ano, 1º semestre
História Avançada do Sporting I
Captação nas Camadas Jovens
Modalidades Amadoras I
Técnicas de Ofensa aos Árbitros I
Revisionismo e Negação do Natal
Seminário: Jogadores Estapafúrdios I - Nalidzis

2º ano, 2º semestre
História Avançada do Sporting II
Epistemologia do Golo
Modalidades Amadoras II
Técnicas de Ofensa aos Árbitros II
Breve Introdução à Comemoração de Títulos
Seminário: Jogadores Estapafúrdios II - Djaló

3º ano, 1º semestre
História do Futuro do Sporting I
Apreciação do Estádio Alvalade XXI
Introdução ao Arremesso do Calhau ao Lampião
Utilização da Game Box I
Seminário: Jogadores Estapafúrdios III - Missé Missé
Opção Condicionada I

3º ano, 2º semestre
História do Futuro do Sporting II
Direito e Jurisprudência Sportinguistas
Introdução ao Arremesso do Calhau ao Tripeiro
Utilização da Game Box II
Seminário: Jogadores Estapafúrdios IV - Gladstone
Opção Condicionada II

A mim, tudo isto parece-me muito bem. Ao menos, em categoria e academismo, daríamos sempre uma abada aos outros clubes...

quarta-feira, novembro 09, 2011

Esquecimentos

Na segunda feira, esqueci-me do capacete da bicicleta no trabalho. Por sorte, não me espalhei na estrada nem fui esmagado pela roda de um camião. Ontem, esqueci-me do chapéu de chuva. Por azar, acabei por apanhar uma molha do caraças. Estou para ver do que é que me vou esquecer hoje ao final do dia... se bem que, como eu ando tão esquecido, ainda vou acabar por esquecer-me daquilo que tenho para esquecer. Hã?!?


terça-feira, novembro 08, 2011

Lúcidos comentários sobre as acusações de racismo no futebol

Parece que se instalou a moda. Há poucas semanas, John Terry, do Chelsea, chamou preto ao jogador do Queens Park Rangers Anton Ferdinand, que é efectivamente preto. Dias depois (ou antes, já não me lembro bem) tinha sido Luiz Suarez, do Liverpool, a chamar preto ao Evra, do Man United, sendo que Evra é muito preto. Agora o comportamento viaja até ao campeonato português - infelizmente, o bom futebol, esse, parece que continua pelas ilhas de Sua Majestade, porque cá neste rectângulo à beira mar plantado, só há um clube a jogar bem à bola, e toda a gente sabe que esse clube veste de verde e branco e não é o Vitória de Setúbal.

Foi ontem que vi a notícia: Alan, jogador do Sporting de Braga, veio queixar-se de ter sido insultado por Javi Garcia, o espanholeco do Benfica. Aparentemente, Javi Garcia terá chamado "preto" ao Alan, sendo que Alan é, na verdade, meio preto. Duas coisas merecem ser ditas em relação a isto.

Primeira, qualquer pessoa que, como eu, jogou bastante futebol, viu bastante futebol e pensou bastante em futebol, sabe perfeitamente o que está por detrás destas condutas. Uma visão mais frugal da coisa há-de julgar que estamos perante um caso de racismo, mas esta visão, como digo, mais frugal, não corresponde à realidade das coisas. O que John Terry, Luiz Suarez e agora Javi Garcia quiseram fazer foi, pura e simplesmente, aquilo que em jurisprudência futebolística se chama "provocar a expulsão do adversário", aspecto que atingiu o protagonismo máximo na final do Mundial de 2008, quando Matterazzi, o tresloucado central italiano, chamou "pé preto" ao Zidane e à irmã deste, ambos argelinos de nascimento, tendo como consequência a célebre cabeçada do número 10 francês. Matterazzi conseguiu o que queria e a Itália, recorde-se, foi campeã. É isto que está na base dos insultos racistas: a ideia de que, para obter vantagem em campo tirando um adversário do terreno, vale tudo, inclusivamente chamar preto a quem é meio preto, preto, ou muito preto.

Segunda ideia: costuma-se dizer, entre amigos que, não por acaso, entram a pés juntos na disputa da bola, que o futebol não é para meninas. Significa isto, além da literalidade (o futebol não é mesmo para meninas: as meninas aleijam a sério, pois em vez de acertarem na bola, parece-me fazerem um esforço sincero para apontar às NOSSAS bolas), que para jogar à bola, é preciso alguma virilidade e hombridade para aceitar de bom tom coisas passadas num simples desafio. Quem joga à bola, sabe de antemão que vai levar uns pontapés nas canelas, sofrer umas rasteiras, empurrões, puxões e, claro, apanhar com violência psicológica, cujo exemplo são os insultos. Pela minha experiência pessoal, posso garantir com elevado grau de fiabilidade que fui insultado em todos os jogos nos quais participei. Chamaram-me cabrão, paneleiro, filho da puta, puta, maricas, Francisco Louçã, capado, e um longo etc. E isto só pelos meus próprios companheiros de equipa! (é o que dá não passar a bola a ninguém). Já viram o ridículo que seria eu, no final de cada encontro, vir queixar-me de ter sido insultado? É o mesmo ridículo que estes jogadores de agora, armados em finos, virem para os jornais e televisões queixarem-se de que "aquele menino chamou-me preto, búúúúú, aquele menino é mau". O futebol não foi feito para os queixinhas, pronto, não vale a pena estarem a vitimizar-se: ou estão preparados para todas as envolvências do jogo, ou mais vale ficarem-se pelos balneários.

Para finalizar, uma chamada de atenção: lá por ser esta a minha opinião, acho, de qualquer forma, dever castigar-se o Javi Garcia. Enfim, o gajo é malandro, espanhol, benfiquista e de inclinação sexual duvidosa (só um gajo invertido é que tenta provocar um preto na tentativa de ser por ele agredido. Deve gostar pouco, deve...). Não há lugar para este tipo de gente no futebol, portanto peço desde já a sua suspensão, a começar no próximo jogo do campeonato, que oporá os lamps aos tipos que melhor futebol têm apresentado neste primeiro terço da época. E tenho dito.

segunda-feira, novembro 07, 2011

Sequíssimas só para vocês

Bom, já não vejo um filme há cerca de um mês; além disso, armei-me em esperto e comecei a ler o Mrs. Dalloway em inglês; vou em cerca de 10 páginas e já começo a perceber que a Virginia é muita areia para a minha camioneta; e sim, estou a colocar pontos e vírgulas atrás de pontos e vírgulas porque a Virginia usa e abusa deles, e um tipo fica como que; contagiado; estão a ver?!

Só por causa das tosses; porque hoje é segunda feira; porque estou irritado apesar de o fim de semana ter corrido particularmente bem; futebolisticamente falando; brindo-vos então com duas secas mesmo secas; sem pontos e vírgulas.

1 - Ouvi dizer que o Edgar Pêra já está a preparar uma sequela do seu mais recente filme. Vai chamar-se TwoBarão...

(pum tum trás)

2 - Há um gay que anda atrás de um tipo. Tenta convencê-lo a deixar-se sodomizar. Uma vez. Duas vezes. Três vezes. E o tipo, nada. Mas o gay não desiste. Convence-o mais uma vez. E outra. Convence-o 24 vezes, e nada. Mas à 25ª vez, o tipo finalmente aceita e é arrombado. Como se chama esta efeméride?
25 de Abri-lo.

Pronto, foi tudo, muito obrigado, é para verem que quando eu não me sinto lá muito bem disposto, vocês é que sofrem. Pensavam que era só o Pedro Passos Coelho que se portava assim, não era?!?!

sexta-feira, novembro 04, 2011

Apontamentos sobre a noção de que ler faz de nós melhores pessoas

É uma ideia repetida até à exaustão por literatos, bibliófilos, escritores, intelectuais elitistas e intelectuais não tão elitistas: ler faz de nós melhores pessoas. Ora, eu não quero chamar esta gente de parva e idiota, mas vou dizer que esta gente é idiota e parva. A associação entre "ler" e "ficarmos melhores pessoas" é tão estúpida e absurda quanto "ver montes de filmes" e "acabar uma maratona". Ou "ouvir música clássica" e "governar bem um país". Peço imensa desculpa, mas ler não faz de nós melhores pessoas. Nem piores. Um tipo que leia sonetos da Florbela Espanca não fica mais sensível por isso, tal como não fica com vontade de se apaixonar pelo próprio irmão. Alguém que leia a obra completa do Marquês de Sade não fica de imediato possuído pela ideia de entrar em orgias, sodomizar adolescentes, queimar os órgãos genitais com um ferro em brasa ou mandar abaixo filha, mãe e avó ao mesmo tempo. Tanto quanto eu sei, o Dominique Strauss-Khan nunca leu nada do Divino Marquês, e é o que se vê; na situação inversa estou eu, um apreciador da literatura sadista? sadia? sadiana? enfim, coiso, do gajo, e não ando aí a violar empregadas em hotéis.

Tenho a sensação que os defensores da tese "ler faz de nós melhores pessoas" estão, no fundo, a encurtar um argumento como o seguinte:

Premissa 1: toda a actividade que nos ocupe o tempo e nos desvie de actividades criminosas faz de nós melhores pessoas.
Premissa 2: ler é uma actividade que nos ocupa o tempo e nos desvia de actividades criminosas.
Conclusão: logo, ler faz de nós melhores pessoas.

Mas isto, há que pô-lo nos termos correctos, é uma estupidez, porque é uma afirmação quase tautológica e, como tal, irrelevante. Se qualquer actividade é boa desde que nos impeça de entrar em actividades, digamos, mais ilegais, então ler não se distingue de outras como, por exemplo, jogar à bola, correr nu pelo quarto atrás de um carrinho de corda, ver pornografia na internet, etc. E nunca, mas nunca, li nada do Alberto Manguel, que tanto defende o valor moral da literatura, a insurgir-se em defesa da pornografia como instrumento de progresso individual e social (e com muita pena minha, devo acrescentar). Nem nunca vi o Harold Bloom a dizer que ocupar o tempo a ver vídeos das fintas do Messi é tão benéfico quanto ler o Hamlet, quando, tecnicamente, quer ver vídeos do Messi quer ler o Hamlet sempre são momentos dignos dos quais podemos desfrutar em lugar de andarmos na droga ou assaltarmos ourivesarias.

Portanto, o pretenciosismo bacoco e forçado de que ler faz de nós melhores pessoas está errado. Pelo menos, eu não fico melhor pessoa depois de ler o que quer que seja. Está bem que, por um princípio lógico, é irremediavelmente impossível melhorar aquilo que já é perfeito, mas mesmo assim: ler não faz de nós melhores. Se ler fizesse de nós pessoas melhores, então deveríamos admitir a tese contrária, a de que não ler faz de nós pessoas piores. E desculpem lá, mas há jogadores de futebol, um símile óbvio de "iletrados", que são excelentes pessoas, estou a lembrar-me por exemplo do plantel do Sporting, o qual à excepção do Oneywu (além de ser americano, consta por aí que leu metade de um livro da colecção d'Os Cinco quando era adolescente, inquinando desde logo a teoria que aqui se debate) é composto por pessoas de idoneidade inatacável. E todos nós conhecemos um avô ou uma avó que, apesar de analfabetos, eram de boa índole. Quero ver se conseguem dizer o mesmo de muitos ratos e ratas de biblioteca que por aí andam...

quinta-feira, novembro 03, 2011

Isto não é normal

Apanhar uma molha do caraças e ficar a secar a roupa no corpinho?! Check!

Ter a gaja, constipada há uma série de dias, a espirrar e a tossir constantemente para cima de mim?! Check!

Ir correr (não: fazer jogging, que é mais fino), suar que nem um porco, dar um salto ao supermercado e arrefecer em lugar de tomar logo um banho quentinho?! Check!

Nos últimos dias, aconteceu-me tudo isto, e não me constipei. Devo andar doente...

quarta-feira, novembro 02, 2011

Reflexão provocada pelo lindo dia de hoje

Para se poder andar por Lisboa, é preciso saber nadar melhor que o Michael Phelps.

segunda-feira, outubro 31, 2011

O que aconteceria se este blogue fosse escrito por uma gaja?

28 de Janeiro de 2009
Hoje fui comprar mais um par de sapatos. Bem, são tão lindos... quando os calcei pela primeira vez até tive um orgasmo.

4 de Maio de 2009
Não sei o que é que as minhas amigas vêem no Hugh Jackman. É tão peludo, o homem, que horror.

22 de Agosto de 2009
Fui à praia experimentar o meu novo bikini. Fica-me mesmo bem, até provoquei um choque entre surfistas.

29 de Agosto de 2009
Inventei um novo desafio enquanto ainda estou de férias: descobrir quem é a mulher, lá no trabalho, que tem o melhor par de mamas. Eu aposto em mim mesma, vamos lá a ver.

10 de Setembro de 2009
Consegui ver o primeiro par de mamas a uma colega minha. Molhei propositadamente a Teresa com café; ela despiu a sweater e ficou só com o sutiã, então eu despejei mais um copo. Ao tirar o sutiã, vi perfeitamente que as maminhas da Teresa são pequenas e mirradinhas. Vitória para mim!

31 de Outubro de 2009
Hoje é dia das bruxas. Vou telefonar à mãe do meu ex-namorado e dar-lhe os parabéns.

7 de Novembro de 2009
Comecei já a fazer as primeiras compras de Natal. Comprei-me um novo par de sapatos, comprei-me uma saia, comprei-me um novo telemóvel, comprei-me um casaco de inverno, comprei-me 4 frascos de perfume, comprei-me um cinto. Puf, ainda falta tanta coisa da lista...

13 de Dezembro de 2009
Jantar de Natal da empresa. A Teresa ainda me guarda rancor. À sobremesa, mandou-me com um prato de arroz doce; felizmente nessa altura o meu telemóvel apitou, e ao baixar-me para o ir buscar à mala o prato voou por cima de mim e aterrou mesmo na tromba do sr. Santos. Foi justiça poética, pois corre o rumor, aqui no trabalho, que ele e a Teresa são amantes. Enfim, não sei como é que alguém consegue gostar das mamas da Teresa, mas pronto, quem sou eu - eu, do alto do meu par de mamas tão giro - para julgar quem quer que seja?

24 de Dezembro de 2009
Consegui tratar das últimas compras de Natal, mesmo antes de as lojas encerrarem. Comprei-me um vestido de noite LINDO DE MORRER, comprei-me um cruzeiro pelo Mediterrâneo, comprei-me dois pares de sapatos Louboutin, comprei-me a assinatura da Cosmopolitan, comprei-me um colar de pérolas, e ainda consegui, com os últimos tostões do subsídio de Natal, reservar uma mesa no Javardongo Bar, que vai ter strip masculino no reveillon.

1 de Janeiro de 2010
Estou de ressaca.

6 de Janeiro de 2010
Continuo de ressaca. Meti baixa.

25 de Janeiro de 2010
Regressei ao trabalho e consegui fazer mais uma vítima do meu desafio! Encontrei a Carminho na casa-de-banho, meti-lhe um sabonete à frente sem ela ver, escorregou, bateu com a cabeça no lavatório e desmaiou. Despi-a rapidamente, vi-lhe as mamas e pirei-me antes que ela acordasse. Em termos de tamanho, são maiores que as minhas, mas são tão foleiras; tipo, os mamilos são estrábicos e a mama direita tem uma verruga cá em baixo. Mais uma vitória para mim, isto está a correr bem.

26 de Janeiro de 2010
A Carminho, ao que parece, deu entrada no hospital. Os médicos dizem que ficou em coma por causa de uma queda que ninguém sabe como aconteceu. Estamos muito tristes aqui na empresa e torcemos todos por ela, menos o Renato que ainda está a rir-se só porque ela foi encontrada inconsciente e semi-nua na casa-de-banho. As pessoas, às vezes, conseguem ser tão insensíveis...

19 de Março de 2010
Não gosto do Sócrates. Mas gosto muito das calças que comprei hoje na Benetton.

11 de Abril de 2010
A Carminho despertou do coma e sai amanhã do hospital. Ficámos muito felizes, eu aliás fiquei tão feliz que marquei um fim-de-semana nos Alpes Suíços.

22 de Maio de 2010
As minhas amigas estão com inveja, porque envelhecem e engordam e eu estou aqui toda enxuta. Ah, ah, é tão bom ser boa!

28 de Maio de 2010
A empresa tem uma estagiária nova, a Sandra. À primeira vista, parece ter umas mamas grandes. Preciso de confirmá-lo.

17 de Julho de 2010
Fui à praia. Um homem casado meteu-se comigo e levou um estalo. Ele gostou. Que se passa com os homens de hoje?!

21 de Julho de 2010
Bem, odeio a Sandra, a estagiária. Fomos juntas à Zara durante a hora de almoço e partilhámos um dos gabinetes de prova de roupa. Vi-lhe as mamas e são perfeitas: grandes, redondas, bicos salientes... até me senti mal. Que puta!!! Não me conformo!

30 de Julho de 2010
Consegui! Consegui! Quando não estava ninguém por perto, fui ao fundo de maneio e tirei o dinheiro todo. Pu-lo depois dentro da mala da Sara, uma coisa rasca comprada de certeza aos ciganos. Quando deram pelo desaparecimento, gerou-se um sururu que só visto. Assim como quem não queria a coisa, preguei com a mala da Sara no chão que, ao abrir-se, revelou o dinheiro. Resultado: não volta mais a pôr lá os pés! Bem feito! Mamas da Peter of Pan 3, Mamas das outras gajas do meu trabalho 0!

15 de Agosto de 2010
Férias! Altura ideal para pôr a leitura em dia e brincar com o dedito.

19 de Agosto de 2010
Cansei-me de brincar com o dedito e comprei um Vibra-Master 4000 na eBay.

3 de Setembro de 2010
Voltei das férias e ainda não recebi o meu Vibra-Master 4000.

13 de Setembro de 2010
Nova vítima do meu desafio: desta vez foi a Paula. Enquanto almoçávamos, passei-lhe um papelinho que dizia "Paula, entrou uma osga pela tua camisa adentro. Sê discreta!" Só que ela não ligou ao meu conselho e começou, em pleno restaurante, aos gritos enquanto rasgava a camisa e o sutiã. Tem umas belas mamas, lá isso tem, mas perde em comparação com as minhas. Quem gostou muito foram os clientes masculinos, mas a gerente do restaurante (se calhar tem umas mamas de porcaria) proibiu a Paula de lá voltar. Mais uma vitória para o meu lado.

31 de Outubro de 2010
Hoje é dia das bruxas. Vou ligar outra vez à mãe do meu ex e dar-lhe os parabéns. Acho que vou telefonar também à Sara, disfarço a voz e rogo-lhe uma praga às mamas.

2 de Novembro de 2010
Cansada de esperar, meti um processo no eBay por causa do Vibra-Master 4000. Vamos lá a ver o que acontece... espero resolver este assunto rapidamente, já estou a ficar sem cenouras.

quarta-feira, outubro 26, 2011

Semiótica e referência do guarda-chuva: um curto ensaio

Poucos objectos ilustram tanto as falácias da linguagem como o guarda-chuva. O guarda-chuva ou, na sua alocução mais popular, "chapéu-de-chuva", não designa exactamente aquilo que é designado, passe a redundância, na sua designação. O guarda-chuva não serve, de facto, para guardar, antes para repelir, a chuva. Já o chapéu-de-chuva também não é feito de chuva. De onde vem então este sentido enganador das palavras?!

Magritte que, no quadro abaixo (reproduzido aqui sem autorização, porque não encontrei o número de telemóvel do gajo), ironizou sobre esta questão, parece indicar-nos como seria o verdadeiro guarda-chuva: um chapéu que, efectivamente, contivesse em si, enquanto objecto, a chuva.
Porém, como todos reconhecemos, não é este o papel do guarda-chuva. A escola anglo-saxónica reflectiu profusamente sobre esta contradição do signo e da referência, agudizada ainda mais pelo facto de, nos países de língua inglesa, guarda-chuva não ser "guarda-chuva" e sim "umbrella". Trevor Spigetz, no seu majestoso Beyonce's Behind and other Alliterations (2006), chamou a atenção para "umbrella" ter como raiz "umbra", a palavra em latim para sombra. Umbrella seria, então, um objecto destinado a provocar a sombra, mas isso só faria sentido se fosse um guarda-sol, e não um guarda-chuva! Discípulo como é de Chomsky, Spigetz procurou argumentar que esta contradição derivava de os Estados Unidos serem uma potência imperialista, situação que, aliás, motivou a sua discórdia com o mestre, pois as teses a) Os Estados Unidos são uma potência imperialista (defendida por Spigetz) e b) Os Estados Unidos são uma potência muito imperialista (proclamada por Chomsky) entram, naturalmente, em conflito.

Eric Cartman, na revista do Círculo Filosófico Pós-Fregeano de New Haven, One Dot and Another Dot, That Makes Two Dots, procurou resolver a questão com um lapidar, e cito, "screw you guys, I'm going home" (CARTMAN: 2008, 17), inserindo-se na tradição wittgensteiniana do Tractatus de que aquilo sobre o qual não podemos falar, mais vale a pena ficarmos calados (WITTGENSTEIN: 1922, §7). Em resposta, Homer Simpson, no vol. 15, nº 3 do Bulletin of Springfield Linguistics limitou-se a dizer "duh" (SIMPSON: 2008, 344), para logo depois acrescentar, em jeito de escárnio, "Duff beer" (SIMPSON: 2008, 345), o que de resto motivou os protestos de Naomi Klein, por estar a ser utilizada uma marca comercial num ensaio de linguística (KLEIN: 2010b, 123-136, cf. também KLEIN: 2010a, 790-1047, e ainda KLEIN: 2010c, 910008880, mas ligue só entre as 17 e as 19 horas).

Regressando à reflexão produzida em terras lusas, José Gil afirmou, recentemente, em conjunto com um fabricante chinês de guarda-chuvas, que o guarda-chuva se chama "guarda-chuva" e não "repele-chuva" porque quem o nomeou tinha medo de existir (GIL e XING-HUANG: 2011, 14), mas esta hipótese carece de confirmação pelo motivo muito simples de que a pessoa que nomeou o guarda-chuva já não existe, não se sabe se por medo. Ainda mais recentemente, num programa televisivo, a investigadora Cátia propôs, com coragem, que um guarda-chuva seria realmente um guarda-chuva se fosse pendurado de pernas para o ar num alpendre (CÁTIA: 2011); contudo, por mais arrojada que seja esta teoria, não leva em conta o facto de ninguém querer utilizar um guarda-chuva de pernas para o ar, além de não se perceber o recurso ad hoc ao alpendre.

Continuamos, portanto, sem resposta satisfatória para o problema de haver um objecto que faz exactamente o contrário daquilo que diz que é. Espera-se que o III Seminário Sobre Cenas Esquisitas e Coisas Afins, a decorrer na Universidade de Leiden durante os dias 23 e 24 de Fevereiro de 2012, possa trazer alguma luz a esta questão. Até lá, aguardemos.

FIM

(ensaio a publicar no Journal For Extra-Terrestrial Issues, 2012, v. 1, nº 1)

P.S.: este post foi inteiramente composto sem recurso a estupefacientes.

terça-feira, outubro 25, 2011

A natureza deve ter algo contra mim, e eu não sei porquê!

13 horas. Antes de sair para almoçar, olho para a rua. Está sol. Não está com ar de que vá chover. O casaco com capucho vai continuar pendurado no cabide; não o levo.

13 horas e 45 minutos. Acabo de almoçar. Levanto-me para regressar ao meu local de trabalho.

13 e 47 minutos. Está a chover c'mó caraças! E são cerca de 100 metros entre o sítio onde estou e o meu gabinete... onde descansa, fiel, o casaco com capucho que poderia proteger-me da molha.

13 e 48 minutos. Decido enfrentar, como um estóico, a chuva que cai impiedosamente dos céus.

13 e 50 minutos. Depois de muitos ziguezagues, entro no gabinete. Estou completamente molhado. O meu casaco, esse, está mais seco do que uma mulher frígida a apanhar banhos de sol no deserto do Sara. Mas pronto, agora pode continuar a chover à vontade que as gotas já não me apanham.

13 e 53 minutos. Lá fora, parou de chover. Porém, dentro do meu gabinete, eu continuo a pingar. Vão mas é todos para o caraças!!!!!!

segunda-feira, outubro 24, 2011

Da próxima vez, agradeço aos profetas que acertem!

Não sei se sabem, mas penso que sim, que um lunático qualquer previu o fim do mundo para as 15 horas da passada sexta-feira. Bom, ou o relógio do mundo está atrasado, ou então o profeta enganou-se. Enganou-se e enganou-me a mim também, o cabrão! Eu, um céptico de primeiríssima água, desta vez deixei-me levar, pois os sinais eram muito fortes e inequívocos: crise internacional, Paulo Portas de novo no governo, Kadafi morto, o Sporting a jogar bem e a ganhar jogos... face a isto, não me parecia nada improvável que o mundo desse mesmo o badagaio às 15 horas do dia 21 de Outubro, tal como previsto por Harold Camping, o tal pastor evangélico que é também profeta lunático (aren't they all?!?).

Confrontado com a proximidade do apocalipse, fiz aquilo que qualquer pessoa faria perante o anunciado fim do mundo. Enfim, já todos vimos filmes do género, já todos lemos coisas semelhantes, e eu não me distancio em nada do comportamento dos protagonistas de tais histórias: pus-me a fazer, nas minhas prováveis últimas horas de vida, tudo aquilo que nunca havia feito. Comecei, pois, por me baldar ao trabalho, aproveitando os meus primeiros momentos de folga forçada para violar meia dúzia de gajas boas. Depois, violei mais uma dúzia. Eram 10 horas de sexta feira e ainda faltava bastante para o armagedão. Num ápice, li os sete volumes do Em Busca do Tempo Perdido, do Marcel Proust, e perdi de facto o meu tempo, pois não percebi nada e deveria ter, em vez disto, violado mais gajas. Apanhei um avião, fui até ao Aeroporto Sá Carneiro, roubei um táxi, assaltei um banco e fui até ao Estádio do Dragão onde, sem ser visto, consegui urinar bem no meio do relvado. Depois voltei ao aeroporto, violei uma hospedeira e regressei a Lisboa. Era agora meio dia, e ainda tinha muito para fazer. Com o dinheiro conseguido do assalto, comprei um iPad; saquei um filme porno, pu-lo a rodar, meti o som no máximo e abandonei o iPad junto à entrada da Sé de Lisboa, roubei mais um táxi, acelerei até ao Centro Cultural de Belém e violei a colecção Berardo em 10 minutos.

Por esta altura, já estava cansado, embora ainda faltassem 2 horas para o fim do mundo. Resolvi então, só pela ironia da coisa, ir à embaixada dos EUA solicitar a cidadania norte-americana. Como eles também acreditavam que o mundo iria acabar, deram-ma sem delongas, e ainda pude aproveitar para violar a tipa da recepção. Satisfeito, saí e com o sabor doce que só a impunidade total dá, fui para casa esperar o eclipse da vida enquanto via a cassete VHS dos 7-1 que o Sporting espetou aos lampiões.

Chegaram as 3 horas. E eu: "é agora! Ah, se a gaja, em vez de estar a trabalhar, estivesse aqui comigo, ainda a violava!" Na sua ausência, quis violar as gatas, mas elas estavam a marimbar-se para o fim do mundo e andavam à caça de passaritos. Emborquei então meia garrafa de uísque, de penálti. Já passava um minuto. Enfim, até o apocalipse poderia atrasar-se, a pontualidade é uma coisa que não toca a todos. Para combater a tensão, mamei meia garrafa de vodka. Passavam agora 4 minutos das 15 horas. Olhei lá para fora, e tudo parecia normal, se é que algo pode parecer normal a um alcoolizado. Não se ouviam metralhadoras a disparar, bombas a cair, pessoas mutiladas a gritar; os céus não ribombavam, a terra não tremia, e até os meus intestinos estavam calmos. Comecei, pela primeira vez, a desconfiar que tudo não tinha passado de um embuste. "Querem ver", pensava para comigo, "que isto de profetas religiosos a marcarem a data do fim do mundo, afinal, é uma tanga parecida com aquelas dietas de emagrecimento das televendas?!?!" Se de facto fosse assim, se o mundo não iria acabar, então o problema não era o de o mundo acabar, mas de saber onde iria este mundo parar quando já nem as profecias acertam!

Meia hora após as três, já eu me encontrava em profunda depressão. Fui enganado, e senti que tudo o que havia feito nessa sexta feira, afinal, tinha sido em vão. Para quê violar gajas atrás de gajas, cometer crimes impunemente, fazer trinta por uma linha quando, afinal, o mundo não vai ao ar?! Senti-me, por uns breves momentos, um Dominique Strauss-Kahn, e não deveria ser esse o espírito de alguém que aguarda o seu fim. E o que eu iria fazer com a cidadania norte-americana, pedida num momento de euforia apocalíptica, no fundo a minha maneira muito camusiana de dizer, enquanto vigoroso anti-americano que sou, que o mundo e a vida não passam de um absurdo?! Acrescentado a tudo isto, há que considerar ter-se perdido todo um espectáculo cuja beleza deveria ser única: explosões, destruição, mortes e afins, mas a acontecer mesmo em vez de ser num filme do Michael Bay.

Agora estou para aqui, consumido em remorsos. Remorsos por ter cometido várias injúrias e ter de viver com elas, quando teria sido muito mais fácil, eticamente falando, romper com todas as barreiras e quinar logo a seguir graças ao apocalipse. Há coisas de que não me arrependo, como urinar no Estádio do FCP, ou violar mulheres, mas ler o Em Busca do Tempo Perdido e deixar um iPad na Sé de Lisboa são coisas que me atormentam. Podia, hoje, estar com um iPad...

E, claro, sinto remorsos por ter sido intrujado, pois isto é, em última instância, também o reconhecer de uma culpa minha. Culpa por ter sido tão crédulo. Da próxima vez que o mundo acabar, não vou estar nem aí. A ver se aprendo...

quarta-feira, outubro 19, 2011

O Peter of Pan vai à psiquiatra para resolver o trauma de ter sido ultrapassado por um gordo (3)

[Continuação]

Eu: Então... bom... então... fui dar uma volta de bicicleta, sabe...
Psiquiatra: Sim?...
Eu: Pois, e pedalei bastante, sabe... mas... ai, é tão difícil falar!
Psiquiatra: Vamos ficar nisto o resto da sessão, é? Recordo-lhe que cobro à hora.
Eu: Mas custa tanto... Bom, já no regresso, pedalava eu todo contente, quando nisto vejo passar por mim, numa velocidade considerável e que eu não podia acompanhar, um... um... um...
Psiquiatra: Um quê?! Um arquétipo jungiano?! Um behaviorista?! Um Carlos Amaral Dias?!
Eu: Não... um... um... UM GORDO! Uhhhhhh, buáááááá, uhhhhhhh!
Psiquiatra: Mas então... então você põe-se a chorar por isso?! Foi ultrapassado por um gordo e fica assim?! Ó homem, recomponha-se, caramba! Foi por isto que veio consultar-me?
Eu: S-s-s-sim...
Psiquiatra: Ó que diabos! Você sabe o que eu tenho de aturar neste consultório, sabe?! Daqui a três horas, recebo um casal que só consegue ter relações sexuais quando ele se veste de panda e ela recita versos da Anna Akhmatóva. Isto é que é um caso clínico, agora o seu só dá vontade de o mandar prender.
Eu: Mas o tipo era mesmo gordo, tinha mais de 120 quilos, de certeza. A doutora não faz ideia de como eu fiquei, eu, um jovem elegante e em excelente forma física, eu, que numa corrida de 100 metros poderia perfeitamente competir com o Usain Bolt, vi-me a comer a poeira de um trambolho! Isso destroçou-me a psique, e quero saber o que a senhora psiquiatra pode fazer quando a isso. Ah, já agora, eu e a minha esposa só conseguimos ter relações sexuais quando eu me visto de leão e ela recita os quatro primeiros capítulos da Montanha Mágica do Thomas Mann. Portanto, trate-me que é para isso que lhe estou a pagar.
Psiquiatra: Retiro o que disse. Você é completamente louco. Começo a ponderar seriamente mandar interná-lo.
Eu: Ehhhhh, tanta coisa só por causa de um gordo, também não. Contento-me com uns medicamentozinhos ou coisa assim, tipo, a doutora receita-me umas merdas e eu deixo de pensar em gordos, ou manda-me fazer uma cura num SPA e eu fico a acreditar que gordos não existem. Não é isso que vocês psiquiatras fazem?!
Psiquiatra: Mas você vem aqui ensinar-me como se faz o meu trabalho, é?! Eu estou na psiquiatria há 22 anos, tenho o diploma ali pendurado na parede, pratiquei Logoterapia em Viena com o doutor Viktor Frankl, ajudei a tratar futebolistas esquizofrénicos da terceira divisão venezuelana, dormi com todos os participantes masculinos ao 9º Congresso Mundial de Psiquiatria, e agora vem o senhor Peter of Pan pôr tudo em causa só porque uma pessoa ligeiramente acima do peso passou por ele de bicicleta!... Ora, ele há com cada uma...
Eu: Permita-me discordar, mas não era uma pessoa ligeiramente acima do peso. A doutora não estava lá: era um gordalhão do caraças! E isso traumatizou-me. Vai ou não vai tratar de mim?!
Psiquiatra: Se concordar em ser internado, posso pensar nisso. Mas primeiro, interna-se. Você parece-me demasiado perigoso para ser deixado aí à solta.
Eu: Perigoso, eu? Eu sou um amor de pessoa. E perfeitamente normal. Tirando este caso com o gordo ciclista, nunca tive nada que me levasse a precisar de ajuda. E olhe que sou sportinguista!
Psiquiatra: O que você é, é um maluco da cabeça.
Eu: Mau! Agora ofensas, é?! Sabe que quando era criança, confundia psiquiatra com psicopata. Estou a ver que, afinal, tinha razão... não sei por que está a fazer-se difícil. Arranje-me lá uns comprimidos para eu deixar de pensar em gordos, vá. Custa-lhe muito, é? Se eu tivesse ido tratar disto com o professor Bambo, já estava curado e ele ainda me oferecia uma mezinha para utilizar contra o mau-olhado.
Psiquiatra: Mau, então rebaixa-me, é?! Por que não usou toda essa fúria contra o gordo que o deixou para trás?! Sabe que mais?! É muito bem feito, ihhhhh, um gordo ultrapassou-o, ah ah ah, gordos, gordos, gordos, viva a gordura e o Peso Pesado, ehhhh, gordura é formosura, bicicletas para todos os gordos do mundo, ahhhhhhh, gordos, gordos, gordos, vivam os gordos...
Eu: Olha, a gaja enlouqueceu. Eu bem digo que os gordos traumatizam uma pessoa!

E foi assim. Vim-me embora da minha primeira consulta, não paguei e deixei a psiquiatra a falar sozinha. Parece que agora está no Miguel Bombarda a ser tratada. Um amigo meu que é maluco e está lá internado falou-me ontem numa tipa que apareceu no pátio vestida de ornitorrinco a pedir sexo com gordos que soubessem representar peças do Ionescu. É ela, só pode ser ela...

Já eu continuo sem ter solução à vista para o meu problema do gordo que me ultrapassou. Temos porras!

terça-feira, outubro 18, 2011

O Peter of Pan vai à psiquiatra para resolver o trauma de ter sido ultrapassado por um gordo (2)

Como contei ontem, e após vários dias de tortura causados por pesadelos com gordos, achei por bem consultar um especialista idóneo que pudesse lidar com esta situação, e por um especialista quero dizer, claro está, uma especialista, porque eu cá não abro a minha alma a homens. Nem a alma, nem coisa alguma! Eis como correu a primeira e última sessão:

Psiquiatra: Bom dia, é o senhor Peter of Pan?
Eu: Sou sim.
Psiquiatra: Então faça o favor de se deitar aí na marquesa.
Eu: Está bem.
Psiquiatra: Prefere que o trate por Peter ou por senhor Pan?
Eu: Pode tratar-me por Ricky Van Wolfswinkel.
Psiquiatra: Hã?!
Eu: Ah, pode ser Peter of Pan, sem o "senhor".
Psiquiatra: Muito bem. Peter of Pan, o que o traz aqui então?
Eu: A minha bicicleta.
Psiquiatra: Ah, ah, ah, temos aqui um engraçadinho... Estúpido! Não, que motivo o trouxe aqui?!
Eu: A minha bicicleta.
Psiquiatra: Mau! Mas continuamos a brincar, é?! Olhe que eu cobro à hora; portanto, como dizem os anglo-saxónicos, the joke is on you. Deixe-se lá de palhaçadas e comece a falar a sério!
Eu: Mas é a sério! Eu na verdade estou aqui por causa da minha bicicleta.
Psiquiatra: Ó meu Deus!... Àquela vaca d'Os Sopranos não calhavam coisas destas! Então está aqui por causa da sua bicicleta?
Eu: Sim, já o disse.
Psiquiatra: Então o que sucedeu? Caiu da bicicleta quando era criança e isso provocou um trauma psíquico que não consegue ultrapassar? Vê na bicicleta uma representação da sua mãe e, sofrendo do complexo de Édipo, sente um constrangimento sempre que sobe para ela e a pedala? Verifica uma perturbação da líbido ao ouvir a corrente girar? Sente-se diminuído por a sua bicicleta não ser um automóvel, e deste modo não conseguir fazer a tão comum transferência do pénis? Vá, desembuche!
Eu: Não, não é nada disso, embora essa última hipótese seja bastante gira. Não! O que aconteceu... bem... é-me tão difícil falar disso... olhe, tem internet? Vá ao meu blogue, lá eu narrei tudo o que sucedeu.
Psiquiatra: Ah, não, desculpe mas eu não leio blogues desde que vi o primeiro post do Abrupto. Conte-me mas é a história, vá!

[Continua]

segunda-feira, outubro 17, 2011

O Peter of Pan vai à psiquiatra para resolver o trauma de ter sido ultrapassado por um gordo (1)

O título do post já diz tudo, não é verdade? Eu gosto de não deixar nada por dizer! Atormentado como tenho sido por pesadelos onde gordos de bicicleta me ultrapassam sucessivas vezes ou, noutras versões, onde dezenas de gordos me atacam na minha própria casa, revisitando com um acrescento de banha Os Pássaros do Hitchcock, achei que o melhor seria buscar ajuda profissional. Foi então que me decidi a consultar uma psiquiatra.

Devo porém, antes de mais, confessar que quando era mais jovem tinha uma ideia completamente diferente da que tenho hoje sobre a psiquiatria. Isto porque, quando era novo, confundia o significado de "psiquiatra" com o de "psicopata". Este facto, aparentemente inócuo, gerou, na minha cabeça, representações que pouco tinham a ver com a realidade. Por exemplo, quando a minha professora de História do 5º ano disse numa aula que "o dr. Freud foi um grande psiquiatra", eu imaginava logo ali o Sigmund a convidar raparigas adolescentes para o seu gabinete, forçando-as depois a deitar na marquesa e logo as assassinando com requintes de malvadez. Na situação inversa, quando ao assistir a um documentário na televisão, deparei com o locutor a exprimir a ideia de que Jack, o Estripador, era um psicopata que se ocupava de prostitutas, eu interiorizava um Jack simpático e solidário a chegar-se junto das profissionais do sexo procurando, através de uma regressão à infância, compreender como haviam chegado àquela situação, partindo daí para uma cura definitiva e, quem sabe, um canguru perneta gratuito.

Claro que, bastante tempo depois, acabei por desfazer esta confusão semântica e perceber que psiquiatras e psicopatas não eram bem aquilo que eu pensava que eram. Portanto, quando eu decidi consultar uma psiquiatra, não temia já ser retalhado e ter os bocados deitados ao mar, aos cães ou aos simpatizantes do PAN, que com toda a certeza se dizem vegetarianos para não consumirem carne de animais, mas não viram o nariz ao consumo de carne humana, são tipo eu, também sou vegetariano, mas sempre que olho para a minha gaja, dá vontade de comê-la, ainda mais agora que vem com brinde!...

Alongo-me. Em suma, fui consultar uma psiquiatra por causa do meu trauma com o gordo que me ultrapassou de bicicleta. Amanhã, conto os detalhes...

[Continua]

sexta-feira, outubro 14, 2011

O que faltou no discurso de ontem do Passos Coelho sobre as novas medidas de austeridade

Um chicote, um godemiché, um ferro em brasa, umas algemas e restante parafernália sadomaso para melhor nos torturar.

quinta-feira, outubro 13, 2011

Passa a outro e não ao mesmo: o caso Djaló

Nice quer devolver Yannick Djaló ao Sporting, Sporting não aceita.

Lembram-se daquele jogo de crianças, o "passa a outro e não ao mesmo"?! Para quem nunca foi puto nos longínquos anos 80, a brincadeira resumia-se a isto: num grupo de amigos, alguém dava uma leve pancadinha ou, nas versões mais hardcore, um calduço do caraças noutra pessoa, e dizia "passa a outro e não ao mesmo", significando isto que quem levasse a pancada ou o caldução teria de fazer a mesma coisa a outra pessoa, excepto à que lhe tivesse dado o "presente". Ora, os cabrões dos franceses do Nice, ou são estúpidos de nascença (o que explica muita coisa, desde logo a vontade deles em contratar o Djaló), ou nunca jogaram a este jogo, ocupados que estavam nas brincadeiras típicas de franceses, como imitar o Marcel Marceau ou enfiar baguetes nos seus próprios ânus (sim, grafei bem, o plural de ânus é ânus...). Portanto, não perceberam que não podem devolver o "presente". Se quiserem ver-se livres do Djaló, não é ao Sporting que devem recorrer. É a outro. E olhem, messieurs, há muito clube a quem podem dar esse calduço. Sei lá, tipo o Benfica, ou coisa assim. A regra tem é de ser a de sempre: passem a outro e não ao mesmo. Entenderam agora?!

quarta-feira, outubro 12, 2011

Triatlo à Peter of Pan

Ontem, pedalei durante 15 minutos, corri durante 20 e no final passei 25 minutos a beber cerveja preta e vinho. Isto é que é um desporto a sério. Faz melhor, Vanessa Fernandes!!!

terça-feira, outubro 11, 2011

Distraído eu?!? Náááá. Mas... do que é que estava a falar?!

Sempre fui um tipo distraído, porém agora estou a ultrapassar todo e qualquer limite. Se eu fosse velho, de certeza que me auto-diagnosticaria com Alzheimer, isso se eu, chegado a uma idade avançada, soubesse fazer um auto-diagnóstico. Se eu chegar a velho, dar-me-ei por contente, tenha Alzheimer ou não, se souber o que fazer com aquela dentadura que flutua, ameaçadoramente, num copo com água em cima da mesa de cabeceira; realizar um auto-diagnóstico clínico, ou médico, sei lá qual é a diferença, será muita areia para a minha camioneta gerôntica. Também seria porreiro se eu, ao chegar a velho, puder comemorar uns quantos títulos do Sporting. Ou, então, caso venha a ter Alzheimer, que seja uma crise tão grande que consiga esquecer que sou do Sporting.

Mas estou a dispersar-me. Ou a distrair-me, que é precisamente o tópico de hoje. Terei de me concentrar mais daqui para a frente. Porque ando mesmo muito distraído. Distraído ao ponto de, na semana passada, por três vezes ter ameaçado colocar as meias sujas no frigorífico, em lugar de na máquina de lavar roupa. E já por uma boa meia-dúzia de ocasiões, no mínimo, me desloquei à despensa para ir urinar, tendo depois ficado muito espantado por, em vez de deparar com o grande camião de porcelana, colocar os olhos sobre pacotes de esparguete e latas de feijão. Se eu fosse cínico, teria dito para mim mesmo "pronto, lá está outra vez a gaja com mudanças, tss, tss", mas afinal eu não sou cínico, sou é mesmo distraído. As minhas necessidades fisiológicas, aliás, têm sido as que mais sofrem com o meu actual período de distração (e coloco distração tal e qual como o novo Acordo Ortográfico dita porque eu, um céptico do AO, estou, obviamente, distraído...). Para além das vezes em que ameacei mictar na despensa, há poucos dias, quando acertadamente fui urinar à casa de banho, fiquei tão absorto com uma formiga que vi a passear pelos azulejos que me esqueci de tudo o resto. Só despertei quando, já a estranhar o tempo demorado, a minha gaja gritou, lá dos confins da casa, para mim "Ouve lá, o que estás a fazer aí há tanto tempo?!? Espero bem que não tenhas aí nenhuma Penthouse, estás a ouvir?". Foi só então que me lembrei do que tinha ido ali fazer, e que não era nada a ver com formigas, nem com Penthouses, infelizmente.

Portanto, ando mesmo distraído. Mesmo, mesmo. Espero que esta fase termine rapidamente, caso contrário qualquer dia ainda me esqueço de respirar.

Termino este post com uma nota dramática, porque posso andar distraído, mas há certas coisas que, ainda assim, ficam tão gravadas na mente humana que são impossíveis de olvidar: porra, ultrapassado por um gordo?!?!?!?

segunda-feira, outubro 10, 2011

Pedalar até cair (8): contra gordos, não há argumentos

Choque. Estou em choque! E não tem nada a ver com os resultados das eleições regionais na Madeira, embora sobre isso tenha a dizer o seguinte: uma população que vota, em peso, no PSD e no CDS/PP é uma população que já não tem mais níveis a progredir no caminho para a imbecilidade.

Mas vou deixar agora a análise política profunda de lado para explicar o porquê de eu estar em choque. Ora, estou em choque porque ontem fui dar uma volta de 20 quilómetros em bicicleta. Percorri vários e diferentes terrenos (alcatrão, relva, terra batida, gravilha, areia...), subi uma ladeira cuja inclinação, a dada altura, assemelhou-se-me às subidas que vejo os ciclistas efectuarem nas etapas de montanha no Tour de France, desci outras ladeiras a alta velocidade, fiz manguitos aos carros que, atrás de mim, soavam as suas buzinas, e principalmente diverti-me a apreciar a paisagem. Até que.

Até que. Já vinha eu no percurso de retorno, quando por mim passa, em velocidade considerável, não um veículo motorizado mas sim outra bicicleta. Que, em lugar de ser pedalada por um super-homem, ou o Alberto Contador, estava a ser guiada por um monte de banha com os seus 150 quilos. Um gordo, caramba!!! Um gordo passou por mim a toda a brida! Este acontecimento, na minha opinião, constitui um maior desafio à Física do que o conjunto de experiências que tiveram lugar no CERN visando encontrar o bosão de Higgs. Pá, um gordo daquela dimensão não deveria sequer conseguir sair da cama, quanto mais equilibrar-se em cima de uma bicicleta... e mais, ultrapassar um gajo que é, indiscutivelmente, o maior ciclista português desde Joaquim Agostinho: eu! Um gordo?!?!? Porra...

Aquilo destruiu por completo a minha auto-estima, e estragou o resto do meu passeio. De nada serviu eu observar que a bicicleta do marmanjo era superior à minha. Isso é uma fraca consolação. Estava obrigado a não ser ultrapassado por aquela morsa mesmo que eu pedalasse um triciclo e ele conduzisse um Ferrari. Era um gordalhão, caraças!!! Daqueles mesmo gordos. Como é que um tipo desses passa por mim, ainda por cima na maior das facilidades?!? Como?!? É algo que desafia a compreensão humana, mais do que, para os crentes, saber como Deus é ao mesmo tempo Uno e Trino ou, para as pessoas sensatas, descortinar os resultados das eleições na Madeira.

Porra, um gordo?!?!?

sexta-feira, outubro 07, 2011

Compilação de piadas secas e estúpidas acerca da morte do Steve Jobs: uma criação Peter of Pan

A Apple vai deixar de contratar mais pessoa. "We're out of Jobs", diz a administração.

***

O Steve Jobs, afinal, era mau, mas tão mau que vai parar ao iFerno.

***

- Ei, sabias que o Steve Jobs morreu?!
- iMorreu?!? Não, não sabia...

***

Steve Jobs' last words: "Uhhhh... iDie".


Bom fim-de-semana e não estraguem os vossos iPhones.

quinta-feira, outubro 06, 2011

Daqui a pouco, anuncia-se o Nobel da Literatura. E, já agora, deixo os meus candidatos ao Nobel da Paz

Eu não faço apostas, mas tenho cá a ideia de que se houver miúdas e gays no júri, o Cristiano Ronaldo leva o prémio.

...é claro que, se o Ronaldo não vencer, é certo e certinho ocorrer uma conferência de imprensa onde o craque discorrerá sobre a falta de tino do Comité Nobel, com acusações de inveja por causa de ele ser bonito, rico e bom jogador.

E os meus candidatos ao Nobel da Paz, quem são, hum?!?

1 - A defesa do Sporting na época 2010/2011. Este colectivo fez mais pela paz no mundo do que AMI, Amnistia Internacional, Médicos sem Fronteiras, Cruz Vermelha e mais não sei o quê juntos. Abel, João Pereira, Anderson Polga, Daniel Carriço, Nuno André Coelho, Marco Torsiglieri, Leandro Grimi e Evaldo mostraram ser fiéis discípulos de Gandhi, essa figura mítica do Nova Déli Futebol Clube, e adoptaram durante toda a temporada o princípio da resistência passiva e não violenta. Esse princípio foi visto como sendo, essencialmente, "muita fixe" por todos os adversários que defrontaram o Sporting e cujos avançados entravam pela zona defensiva do clube verde-e-branco sem serem minimamente incomodados. Mais pacífico do que isto, é difícil.

2 - Alberto João Jardim. A solidariedade do presidente do Governo Regional da Madeira ficou mais uma vez patente ao produzir um buraco de tamanho tal que é possível lá enfiar os madeirenses, os açorianos e os portugueses continentais em caso de estalar um conflito nuclear algures no mundo. Se isso acontecer, nós já temos o nosso bunker. E ainda dizem que o Alberto João está permanentemente em guerra com o continente... meus amigos, se não fosse aberto um bunker na Madeira, seria onde?! No estádio do Dragão?!!? Lá não há espaço, lotado que está de árbitros, prostitutas e caixas com fruta.

3- Osama Bin Laden. Muita tinta correu por causa deste fundamentalista islâmico. Disseram que ele era mau. Terrorista. Diabólico. Assassino. Sem escrúpulos. Sócio do Benfica. Mas cinjamo-nos aos factos: o Bin Laden fez mal a alguém nos últimos tempos?! Não! Nada!!! Nem uma bombinha no cu de uma velha, nem um gato com o pescoço torcido, nem uma aranha com as patinhas arrancadas, nadinha, o tipo andou mais impávido e sereno do que o Manuel Luís Goucha a ver um filme erótico com lésbicas. As más línguas vão dizer que é por ele estar morto (o Bin Laden, não o Goucha, infelizmente), mas isso são acusações de baixo nível. O que eu acho é que ele está arrependido das suas acções passadas, e isso às vezes é levado em conta pelo Comité Nobel norueguês (e não sueco; o sueco entrega os outros. Informem-se!). Ei, o Arafat e o Kissinger foram agraciados, não foram?! Então o que impede o Bin Laden de o ser? "Ah, mas ele está mesmo morto e tal". Pá, não me venham com histórias, pois esta semana o Nobel da Medicina também foi parar a um morto. Portantos, prontos.

E é isto. Se o Nobel da Paz não for parar a um destes três candidatos, ficarei muito desapontado e no dia da escolha juro que não como a sopa toda.